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Dentro da geladeira; virado para a parede; de cabeça para baixo. Provações como essas fazem parte da “rotina” de um dos santos mais amados do país – imagina se não fosse. Trata-se de Santo Antônio. Celebrado no dia 13 de junho, ele abre “oficialmente” os festejos juninos e carrega a fama de ser casamenteiro, apesar de ter feito voto de castidade.
As provações fazem parte de um rol de simpatias às quais se recorrem quem quer se casar ou arrumar um grande amor. Com a invenção do Dia dos Namorados, na véspera da data em que Santo Antônio é celebrado, as torturas, quer dizer, as simpatias se tornaram cada vez mais recorrentes.
Em Niterói, é na Paróquia da Porciúncula, no Jardim Icaraí, que acontece a maior e mais tradicional festa em homenagem a Santo Antônio, apesar de o local ter duas santas (e não ele) como padroeiras: Nossa Senhora dos Anjos e Sant’Ana.
– A Porciúncula é a única paróquia franciscana de Niterói e Santo Antônio é da Ordem Franciscana. Ele é um santo muito popular e acabou se tornando forte na paróquia. Não é de todo errado dizer que foi por aclamação do povo que ele passou a ser tão fortemente festejado aqui – afirmou Júlio Cesar Batista dos Santos, há 13 anos, auxiliar administrativo da paróquia.
Às vésperas da celebração de Santo Antônio, o movimento na Porciúncula é grande. É quando começam as arrumações para a tradicional festa que interdita para carros um quarteirão da rua Miguel Couto, ao lado da igreja. O local é devidamente embandeirado e tomado por barraquinhas de comidas típicas de festas juninas, ao longo de três dias.
Ao mesmo tempo, voluntários chegam para ajudar a ensacar o pão de Santo Antônio ou para levar sua contribuição do bolo em homenagem a ele – duas tradições mantidas à risca na Porciúncula.
Sobre o pão. É um costume que nas igrejas franciscanas aconteçam, todas as terças-feiras, a bênção dos pães que são, depois, distribuídos. E isso acontece toda semana, na Porciúncula. A lenda que associa os pães a Santo Antônio conta que ele, muito comovido com a pobreza da população ao seu redor, distribuía todo o pão do seu convento, mas outros apareciam “por milagre” para que os frades pudessem comer.
Esse pão é uma espécie de careca doce pequeno, vendido normalmente nas padarias. Os fiéis compram, doam, a igreja abençoa e distribui. Até quinta-feira, dia 13, cerca de 30 mil pães terão sido ensacados pelas voluntárias.
Uma delas, na terça-feira (11), era Edna Martins Cosenza, de 82 anos. Ela contou que ama Santo Antônio e que já o viu:
– Estava com muita dificuldade no parto da minha filha, que está com 50 anos, agora. Eu não tinha passagem para o bebê e lembro que gritei pedindo ajuda para o santo. Em seguida, eu senti como se estivesse subindo. Tinha uma luz que foi aumentando. Apareceu um jardim de lírios e Santo Antônio estava bem no meio. Ele levantou os braços, pegou minha filha e entregou para mim, que estava abaixo dele. Quando acordei, ela estava nos meus braços, no quarto – contou Edna que se emociona cada vez que relembra essa história.
Quanto ao bolo, é uma receita tradicional, de massa de pão de ló, servida nas igrejas durante o dia em que se celebra o santo. Essa tradição está relacionada com sua fama de casamenteiro. O bolo é feito em várias camadas e confeitado. Pequenas medalhas são colocadas na massa. Quem encontrar o “brinde” terá sorte no amor.
Em Niterói, devotos levam o bolo, assado em casa, em uma forma retangular padrão, que a paróquia empresta, seguindo a receita ofertada também pela Porciúncula. Na véspera da festa, as doações são trabalhadas para se transformar no bolo de Santo Antônio propriamente dito cujas fatias são vendidas.
Segundo Júlio, a renda com a venda dos bolos e da festa, de uma maneira geral, é usada para compra de remédios e fraldas geriátricas, que são mensalmente distribuídos, junto com uma cesta básica, para 200 famílias cadastradas na paróquia.
Receita do bolo
Ingredientes:
6 ovos (gemas e claras em neve)
1 xícara de chá de água
2 xícaras de chá de açúcar
2,5 (duas e meia) xícaras de chá de farinha de trigo
1 colher de chá de fermento em pó
Modo de fazer
Bater as gemas com água; adicionar o açúcar e bater bem; adicionar a farinha de trigo e o fermento e bater.
Em seguida, adicionar, manualmente, as claras em neve.
Usar forma de assar em bandeja B-26 que está sendo fornecida.
As doações devem ser feitas até o dia 12 de junho. No dia 13 não há recebimento dos bolos.
A data de nascimento de Santo Antônio é incerta. Tradicionalmente, é aceita como tendo sido em 15 de agosto de 1195, em Lisboa (Portugal). Seu nome de batismo era Fernando de Bulhões que se tornou Antônio quando ingressou na Ordem dos Cônegos Regrantes de Santo Agostinho.
Ele morreu em 13 de junho de 1231, na cidade italiana de Pádua. Seus restos mortais estão, desde 1263, em uma basílica na cidade.
Místico, pregador, teólogo, “Doutor da Igreja” fizeram a santidade de Antônio. Sua popularidade em Portugal atravessou o oceano e desembarcou junto com os primeiros portugueses que chegaram ao Brasil.
A fama de casamenteiro veio de um milagre atribuído ao santo: uma jovem, sem dote para se casar, rezou ao santo. Ela encontrou um bilhete que a orientava a levar o papel onde o bilhete estava escrito ao comerciante da cidade. Ele deveria lhe dar moedas de acordo com o peso do papel. E a balança só equilibrou quando ele juntou 400 moedas, o valor do dote que a moça precisava para casar.
Em vida, o santo também teria o dom de juntar pessoas que ele percebesse que tinham afinidades.
Na opinião de Júlio, Santo Antônio é “muito mais” do que casamenteiro:
– Ele é o santo do povo, ajuda a todos que recorrem a ele, seja qual for o problema. E o povo recorre a ele para tudo. Ele é o santo dos necessitados – disse Júlio que, particularmente, é devoto de São Benedito, o franciscano protetor dos cozinheiros, celebrado em 5 de outubro.
No altar dedicado a Santo Antônio, na Porciúncula, os devotos amarram fitas coloridas com seus pedidos escritos. Lá também está em exposição uma relíquia atribuída ao santo – seria um fragmento de roupa ou de osso.
Para os que estão em busca de namorado ou casamento, Júlio dá uma dica: o melhor, nesse caso, é recorrer a São José “que foi um marido fiel”, comemorado em 19 de março.
Pelo sim, pelo não, ainda é melhor fazer os pedidos casamenteiros no dia 13 de junho do que no dia 12 de junho. A data instituída para se comemorar os namorados, criada pelo comércio para dar uma forcinha para as vendas, cai no dia dedicado a Santo Onofre – um eremita solitário.
Na imagem de Santo Antônio, o hábito representa sua pertença á Ordem Franciscana; o livro representa o Evangelho do qual era pregador; 0 menino Jesus representa a intimidade de Santo Antônio com Cristo; o lírio na imagem de Santo Antônio representa sua castidade e pureza de coração. O cabelo raspado no centro da cabeça se chama tonsura e representa deu voto de castidade. Em algumas imagens, ele carrega o “pão dos pobres”.
Na Paróquia
Missas
Quinta-feira, 13 de junho, às 6h30, 8h, 9h30, 11h, 15h, 17h e 19h com distribuição do pão de Santo Antônio. As missas das 9h30 e 19h serão celebradas pelo bispo de Niterói, Dom José.
Procissão: após a missa das 19h, procissão pelas ruas do bairro. A saída é pela igreja, passa por dentro da festa na rua Miguel Couto e, depois, o percurso é em função dos bloqueios a serem feitos pela Prefeitura. Geralmente, é dada uma volta no quarteirão para retornar à igreja. Os fiéis participam carregando uma vela acesa.
Pão de Santo Antônio – quem quiser, pode trazer seu pão para bênção, nas missas.
Angu à Baiana – de quinta-feira (13) a sábado (15), das 11h às 15h, no salão de festas da igreja. Valor: R$ 25
Bazar – na área da cantina, na entrada da igreja
Quinta-feira, 13 de junho, das 8h às 19h
Sexta-feira, 14 de junho, das 8h às 12h e das 13h às 19h
Sábado, 15 de junho, das das 8h às 12h e das 13h às 18h
Na rua
Quinta-feira, 13 de junho, das 8h às 22h
Sexta-feira, 14 de junho, das 16h às 22h
Sábado, 15 de junho, das 11h às 22h
De cabeça para baixo
Entre as mais tradicionais simpatias do santo casamenteiro está o Santo Antônio de cabeça para baixo. Para fazer esse ritual basta colocar a imagem do santo de cabeça para baixo dentro de uma bacia ou copo com água. No entanto, quando for fazer essa simpatia, é importante que você avise ao santo qual o motivo de você estar realizando a magia. Mantenha a imagem na água até o amor ser encontrado.
Virado para a parede
Antes de mais nada, compre uma imagem de Santo Antônio e peça para um padre benzê-la. Coloque uma carta romântica para o paquera aos pés da imagem e, depois, vire a imagem para a parede. Quando você encontrar o par perfeito, desvire o Santo Antônio, faça uma oração de sua preferência para agradecer o que foi recebido, assim também reforçando um futuro pedido de casamento. A carta deve ser queimada e as cinzas sopradas ao vento.
No congelador
Outra simpatia muito conhecida é colocar a imagem de Santo Antônio dentro do congelador. Em primeiro lugar, é importante retirar a imagem do menino Jesus e só devolver quando o santo casamenteiro atender seus pedidos. Tenha uma conversa bem séria com o santo, contando para ele quais são suas angústias e desejos. Diga o que está precisando. Contudo, apenas tire a imagem do congelador quando seus pedidos forem atendidos.
Dentro do guarda-roupa
A princípio, pegue uma imagem de Santo Antônio e a guarde dentro do guarda-roupa. Todos os dias, antes de dormir, faça uma prece de sua escolha e repita essas palavras: “perdoe-me por deixá-lo sem ver a luz do dia, mas é assim que me sinto sem minha alma gêmea. Com seus olhos espirituais, encontre-a e faça com que fiquemos unidos para sempre“. Quando encontrar um amor, tire o santo de lá e passe a imagem para uma pessoa solteira.
Verificar se o casamento está próximo
No Dia de Santo Antônio, 13 de junho, coloque 2 agulhas iguais dentro de uma bacia com água e 2 colheres de açúcar. No dia seguinte, veja como estão as agulhas. Se estiverem juntas, é porque o casamento está próximo.
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