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O Tribunal Regional Eleitoral do Rio de Janeiro abre nesta sexta-feira (17) o julgamento que pode cassar o mandato do governador Claudio Castro, por crime eleitoral, a partir do desvio de recursos da Fundação Centro Estadual de Estatísticas, Pesquisas e Formação de Servidores Públicos do Rio de Janeiro (Ceperj) e da UERJ. Os sete desembargadores da corte vão decidir também o destino do vice-governador Thiago Pampolha (MDB) e do presidente da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, deputado Rodrigo Bacellar (União Brasil), e mais seis réus.
De acordo com a denúncia, assinada pelos procuradores regionais eleitorais Neide Cardoso e Flávio Paixão, da Procuradoria Eleitoral do Ministério Público Federal, os envolvidos praticaram “ilícitos eleitorais de abuso de poder político, econômico e condutas vedadas (…), a fim de utilizar a máquina pública, à exclusiva disposição dos investigados, para obter vantagens financeiras ilícitas com recursos públicos e lograrem êxito na reeleição ao Governo do Estado, nas Eleições Gerais de 2022”.
Os procuradores concluíram que os recursos públicos desviados foram “indevidamente utilizados” para promover suas candidaturas. “… um arranjo estruturado para o cometimento das práticas de abuso de poder político e econômico, com inequívoca interferência sobre o processo eleitoral ocorrido, em 2022, que culminou, inclusive, na eleição dos primeiros investigados”.
“A quantidade exacerbada de mais de quarenta Casas do Trabalhador inauguradas no período de 5 meses, no primeiro semestre de 2022, deixa nítido o desvio de finalidade de tais atos, com a utilização indevida da máquina e dos recursos públicos acima descrita, que funcionou para alavancar a candidatura dos integrantes do Governo do Estado, especialmente do candidato à reeleição, Cláudio Castro, que não poupou esforços para divulgar a participação em tais inaugurações com seus aliados políticos”, diz o documento.
Segundo as denúncias, o Ceperj realizou pagamentos de mais de R$ 220 milhões em espécie, na boca do caixa. configurando uma “folha de pagamento secreta”, com 27 mil cargos temporários no Ceperj e 18 mil nomes na Uerj.
O julgamento desta sexta será aberto pelos advogados do deputado Marcelo Freixo, que pediu investigações sobre o caso, e os procuradores do MPF. Eles vão apresentar a denúncia e defender a cassação dos mandatos dos citados, a inelegibilidade pelo período de oito anos. No caso do vice-governador Pampolha, os procuradores entendem que, embora deva ser cassado, não se pode fazer prova de sua participação no esquema, porque entrou na chapa quando o esquema já estava montado, e portanto não se aplicaria a inegibilidade.
Na sequência, os advogados de defesa dos réus apresentarão suas alegações.
A terceira etapa do julgamento é a leitura do voto do relator do processo, o desembargador Petterson Simão. Depois, cada um dos outros sete desembargadores profere seu voto. Mas é possível, que no momento do voto, algum desembargador apresente um pedido de vista do processo, o que pode interromper o andamento do julgamento. Independentemente do resultado do julgamento, os citados ainda poderão recorrer da decisão no Tribunal Superior Eleitoral.
Caso o governador, o vice e o presidente da Alerj, que ocupam a linha sucessória do Governo do Estado, percam seus mandatos, o governo será exercido pelo o presidente do Tribunal de Justiça do Rio, o desembargador Ricardo Rodrigues Cardozo, que terá a tarefa de convocar novas eleições.
Claudio Castro está nos Estados Unidos cumprindo agenda oficial.
O presidente da Alerj, deputado Rodrigo Bacellar (União Brasil). Foto: Alerj
Além do pedido de cassação de todos os citados, a ação também pede que todos os acusados, com exceção de Thiago Pampolha, se tornem inelegíveis pelo período de 8 anos, a partir das eleições de 2022.
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