Duas imagens impactantes desta semana: o cadáver de um homem de 68 anos levado a uma agência bancária para tomar empréstimo e a escritora Roseana Murray deixando o hospital sem o braço direito e uma orelha, comidos por três cães da raça pitbull.
Para além das trapalhadas de Governo, Congresso e STF, as imagens tiveram repercussão internacional. Um aliado de Donald Trump chegou a provocar o presidente Biden, adversário e candidato à reeleição, comparando-o a Tio Paulo, o cadáver que a “sobrinha” queria ver assinando um empréstimo de R$ 17 mil no banco em Bangu, Rio.
A escritora deixou um hospital público, após 13 dias internada, sob aplausos de funcionários do Alberto Torres. Não se queixou. Agradeceu a todos, elogiou a qualidade do atendimento no hospital estadual e ainda fez poesia, publicada em suas redes sociais. Poetas responderam com mais poesias.
Tio Paulo, posto numa situação aviltante e criminosa, tem seu cadáver exposto ao mundo. Murray, também vítima de um crime absurdo, faz poesia e diz que vai ter de reaprender quase tudo sem o braço direito. Os dois são vítimas de um país desigual e onde a impunidade impera, o que transforma esperança em barbárie.
Enquanto isso, uns tais de Lula, Lira, Pacheco, Moraes, Bolsonaro e outros tantos brigam por poder e verbas do Orçamento (público). Os interesses passam ao largo do Brasil real.
Endurecemos todo dia. Mas ainda bem que não perdemos (não eles!) a capacidade de fazer poesia.