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Em 2023, aconteceram em Niterói 89 tiroteios, uma queda de 5,3% em relação ao ano passado. Porém, o número de mortos se manteve nos dois anos: 34, sendo que o número de feridos foi maior este ano (55) do que em 2022 (30).
As informações fazem parte do relatório anual do Fogo Cruzado, lançado na segunda-feira (29). Os dados de Niterói acompanham o perfil de violência identificado pelo instituto, em relação ao estado: queda no número de tiroteios, mas aumento da letalidade.
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Na liderança do ranking está a cidade do Rio de Janeiro com 1.980 tiroteios, 531 mortos e 473 feridos. O segundo município mais violento foi Duque de Caxias (177 tiroteios, 74 mortos e 63 feridos), ficando São Gonçalo (162 tiroteios, 75 mortos e 92 feridos) em terceiro lugar, seguido por Nova Iguaçu (120 tiroteios, 58 mortos e 33 feridos) e São João de Meriti (114 tiroteios, 31 mortos e 34 feridos).
Na relação dos bairros mais violentos, em Niterói, em 2023, a liderança fica com o Fonseca, segundo o Instituto Fogo Cruzado.
Confira o ranking
Fonseca: 11 tiroteios, 10 mortos e 12 feridos
Engenhoca: 9 tiroteios,1 morto e 1 ferido
Caramujo: 7 tiroteios, 2 mortos e 9 feridos
Barreto: 5 tiroteios e 1 ferido
Santa Rosa: 5 tiroteios e 1 ferido
Viradouro: 4 tiroteios, 4 mortos e 4 feridos
Charitas: 4 tiroteios,1 morto e 4 feridos
Morro do Estado: 4 tiroteios e 3 feridos
Icaraí: 4 tiroteios, 1 morto e 1 ferido
De acordo com o relatório, o Rio de Janeiro concentrou 67% dos tiroteios, com 55% dos mortos e 53,5% dos feridos mapeados em 2023. Em todo o Leste Metropolitano, região em que fica Niterói, aconteceram, ano passado, 525 tiroteios que resultaram em 231 mortos e 239 feridos.
Coordenador regional do Instituto Fogo Cruzado no Rio de Janeiro, Carlos Nhanga destacou uma terceira característica da violência, no estado, em relação ao ano de 2023: o aumento do número de crianças entre as vítimas.
– A história do Rio de Janeiro é marcada por crianças mortas e feridas. A gente sabe que não são casos isolados. A juventude é alvo constante e os dados do Fogo Cruzado mostram isso de maneira muito nítida. É inacreditável esses números existirem e não termos nenhuma política de segurança que funcione como resposta a eles. Parece que ninguém se importa. Esses dados precisam ser levados em conta para o planejamento da segurança pública. Em nenhum lugar do mundo tantas crianças são baleadas sem que a sociedade se indigne. Aqui não pode ser diferente. As pessoas precisam se importar e os governantes precisam agir – afirmou Carlos Nhanga.
Ao menos 25 crianças foram baleadas, número que se iguala à marca de 2018. O ano de 2023, no entanto, foi mais letal: das 25 crianças baleadas, 10 morreram. Em 2018, das 25 baleadas, quatro morreram.
Dentre as crianças vítima da violência armada no Rio de Janeiro, uma delas foi Juan Davi de Souza Faria, de 11 anos. Ainda nas primeiras horas de 2023, ele foi morto por uma bala perdida durante a comemoração do réveillon em Mesquita, na Baixada Fluminense. O menino estava na varanda de casa quando foi atingido.
Em Niterói, em 2023, não há registro de morte de crianças. Foram 84 adultos e 1 adolescente baleados.
Em 2023, houve 2.953 tiroteios/disparos de arma de fogo na região metropolitana do Rio de Janeiro. Em média, foi como se houvesse oito tiroteios, por dia, ao longo do ano. Apesar de elevado, o número indica uma queda de 18% nos registros em comparação com 2022, que acumulou 3.589 tiroteios.
Entre os 2.953 tiroteios mapeados ao longo do ano, 34% deles (999 registros) ocorreram durante ações e operações policiais. É como se a cada três tiroteios mapeados na região metropolitana, um tivesse ocorrido em ações ou operações policiais.
Em 2022, dos 3.589 tiroteios mapeados, 35% deles (1.251) ocorreram nestas circunstâncias. O número de baleados também diminuiu em 2023. Apesar disso, houve em média cinco pessoas baleadas por dia.
Ao todo, 1.846 pessoas foram baleadas na região metropolitana: 962 morreram e 884 ficaram feridas. O número de mortos teve uma queda de 3% e o de feridos, uma queda de 13% em comparação com 2022 que acumulou 2.002 baleados, sendo 987 mortos e 1.015 feridos.
De acordo com análise do Fogo Cruzado, apesar da queda nos índices entre os baleados, 2023 foi o ano onde os tiroteios foram mais precisos em toda série histórica do Instituto. Em 2023, dos 2.953 tiroteios, 41% deles resultaram em mortos e/ou feridos. Em 2022, dos 3.589 tiroteios, 36% resultaram em vítimas.
Das 1.846 pessoas que foram baleadas na região metropolitana do Rio em 2023, 53% delas (977) foram atingidas em tiroteios durante ações e operações policiais.
Ao todo, 407 pessoas foram mortas e 570 ficaram feridas nestas circunstâncias. Em 2022, das 2.002 pessoas baleadas, 66% delas (1.323) foram atingidas em tiroteios durante ações e operações policiais: 569 morreram e 754 ficaram feridas.
2023 foi um ano violento para os moradores da Zona Oeste do Rio de Janeiro. Enquanto as regiões da Zona Norte, Baixada Fluminense, Centro, Zona Sul e Leste Metropolitano tiveram queda nos tiroteios, a Zona Oeste da capital viu o número de tiroteios crescer 53%, o número de mortos subir 104% e o de feridos, 40% em comparação com 2022. Em 2022, a distribuição da violência armada ficou da seguinte forma:
No estado, 91 pessoas foram baleadas quando estavam dentro de automóveis, outras 64 foram atingidas quando estavam dentro de casa e 59 atingidas quando estavam dentro de bares. Oito pessoas foram baleadas quando estavam em postos de combustível e outras oito foram atingidas dentro de transporte público.
Em Niterói, 7 pessoas foram baleadas dentro de bares, 5 dentro de casa e 2 pessoas baleadas dentro de automóveis.
Houve 47 chacinas na região metropolitana do Rio em 2023 que deixaram 176 pessoas mortas. Entre as chacinas mapeadas no ano, 62% delas (29) foram durante ações ou operações policiais, deixando 117 civis mortos – o que representa 66% dos mortos em chacinas.
Em Niterói, aconteceram, em 2023, 3 chacinas policiais com 11 mortos no total.
Em comparação com 2022, que concentrou, no estado, 51 chacinas com 225 mortos no total – sendo 41 delas (80%) em operações policiais que deixaram 194 mortos (86%) -, houve queda de 8% nas chacinas e de 22% no número de mortos em chacinas.
2023 foi o ano com mais vítimas de balas perdidas dos últimos quatro anos. Foram 131 pessoas atingidas: 42 morreram e 89 ficaram feridas. Em 2022, foram 109 vítimas (26 mortas e 83 feridas); Em 2021, 115 atingidas (22 mortas e 93 feridas); Em 2020, 123 vítimas de balas perdidas (26 mortas e 97 feridas).
Entre as 131 vítimas de balas perdidas mapeadas em 2023, 70 foram atingidas durante ações e operações policiais, o que representa 53% das vítimas: 23 morreram e 47 ficaram feridas.
Em Niterói, 1 pessoa ficou ferida por bala perdida.
Dos 2.953 tiroteios mapeados pelo Instituto Fogo Cruzado em 2023, foi possível identificar a motivação de 1.704 deles (58%).
Os principais motivos dos disparos de arma de fogo na região metropolitana foram: Ação/Operação policial (999); Homicídio/Tentativa de homicídio (393); Roubo/Tentativa de roubo (193); Disputa entre grupos armados (174); e Briga (47).
Considerando toda a série histórica do Instituto Fogo Cruzado, 2023 foi o ano em que as disputas entre grupos armados se intensificaram, com 174 registros. Ao menos 129 pessoas foram baleadas nestes tiroteios Nos anos anteriores os números ficaram da seguinte forma:
– Vimos a violência explodir em pontos afastados do centro da capital. Sozinha, a Zona Oeste do Rio de Janeiro concentrou 29% dos tiroteios ocorridos no Grande Rio, em 2023. Esses dados revelam algo que chamamos atenção há meses sobre aquela região: a gravidade dos conflitos que envolvem as disputas territoriais entre grupos criminosos. É uma tragédia. Dados como os do relatório anual nos mostram a falta de planejamento para conter a violência armada no Estado, sobretudo na região metropolitana – afirmou o coordenador do Fogo Cruzado.
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