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Na área da gastronomia, em Niterói, 2023 foi o ano que consolidou o município como porto seguro na rota de expansão de grandes grupos.
Depois de aportarem na cidade restaurantes como Madero e Coco Bambu, pizzarias como Mamma Jamma e Broto e bares como Mané ou Boa Praça, o ano termina com a inauguração do Gurumê, o japonês sensação do Rio de Janeiro. Trata-se da sétima unidade da rede, a primeira fora da Cidade Maravilhosa.
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Na Cidade Sorriso, o restaurante de 800 m2, que se define como de gastronomia oriental contemporânea, escolheu a rua Nóbrega, no Jardim Icaraí, para se instalar. Ocupou uma antiga casa residencial que já abrigou o Torna Pub, em frente ao tradicional Torninha, de cara também para o Mamma Jamma.
Depois de uma obra que transformou completamente o imóvel e consumiu um investimento de R$ 10 milhões, o Gurumê abriu suas portas no último dia 13 de dezembro, com capacidade para receber 165 pessoas.
Não foi uma mera coincidência o fato do Gendai, restaurante japonês que por mais de 20 anos funcionou na mesma rua, a três quadras de distância do Gurumê, ter fechado as portas pouco antes do “novato” chegar em Niterói. As duas casas fazem parte da mesma holding, o Grupo Trigo, que também controla as redes China in Box, Koni Store, LeBonton e Spoleto, além de já ter administrado a rede Domino’s no Brasil até 2018.
O Grupo Trigo comprou a TrendFoods, detentora da China in Box e Gendai em outubro de 2021. A TrendFoods tinha, ao todo, 192 lojas espalhadas pelo Brasil em sistema de franquias. O Grupo Trigo tem, ao todo, mais de 600 restaurantes e teria tido um faturamento de R$ 1,4 bilhão, em 2022, segundo reportagem do G1.
O Gurumê tem seis unidades em diferentes bairros do Rio de Janeiro, sendo uma delas recém-aberta no Shopping Rio Design Leblon, na Zona Sul. O restaurante começa, agora, a expandir suas fronteiras para outras cidades. Niterói foi a primeira. Outros três estão previstos para serem inaugurados até o final de 2024: dois em Brasília e um São Paulo.
Para conhecer um pouco sobre os planos do Gurumê para Niterói, A Seguir conversou com Jeronimo Bocayuva, sócio e cofundador do restaurante – um carioca que frequenta a cidade desde a sua adolescência, entre idas à praia de Itacoatiara e noitadas na boate Le Village, que não existe mais.
– Em Niterói, o sentimento é de gratidão. O público queria muito que a gente chegasse. Estamos empenhados, mas com humildade, para entregar a melhor experiência gastronômica para os niteroienses. Estamos muito felizes – disse ele que é formado em Administração e começou a trabalhar no Grupo em 2002, no Spoleto.
Confira a entrevista
Por que Niterói, nesse momento ?
Jeronimo Bocayuva: Desde o nosso primeiro restaurante, que abrimos em 2014, no Fashion Mall, sempre recebemos muitos clientes de Niterói. O segundo foi em Ipanema, em 2016. Já inauguramos com muito movimento de pessoas de Niterói e começamos, então, a procurar um ponto em Icaraí. A cidade era um mercado alvo desde aquela época. Porém, não estávamos ainda seguros do nosso padrão de operação para crescer. A gente não se sentia pronto para essa tacada. Abrimos no Shopping Rio Sul, em 2019, também com uma frequência muito grande de pessoas de Niterói. Quase fomos para o Plaza, mas achamos que para a marca começar em Niterói era importante ser na rua.
Por quê?
JB: Porque tem mais a ver com o público. Fizemos pesquisas. O niteroiense gosta mais do restaurante de rua do que de shopping. Então, fomos em busca de um ponto que considerássemos ideal. E um restaurante depende muito do ponto. Consideramos esse na rua Nóbrega perfeito porque é uma rua residencial e também polo gastronômico. Além disso, já tinha o Mamma Jamma em frente.
Isso não divide o público?
JB: Não divide público, completa. O local permitiu criar um ambiente no mesmo estilo do nosso restaurante de Ipanema, só que maior. Também alcançaremos uma região muito ampla com o nosso delivery, atendendo os principais bairros da cidade.
Vocês chegaram e o Gendai, que durante mais de 20 anos funcionou na mesma rua, no mesmo lado da calçada, fechou. Coincidência?
JB: O Gurumê pertence ao Grupo Trigo, uma holding multimarcas de alimentação da qual também fazem parte o China in Box e o Gendai que, em Niterói, são redes independentes que pertencem a um franquiado. O que acontece é que temos ótima relação com eles, que preferiram explorar o restaurante Gendai na Região Oceânica, além do delivery, que atende toda a cidade. As marcas são complementares.
O cardápio de todos os restaurantes são iguais ou “customizados” para cada local?
JB: São iguais. E o público de Niterói já está acostumado com ele. 80% dos nosso clientes já eram clientes do Rio.
Ficou sabendo da fama do niteroiense de formar filas enormes em novos restaurantes, mas ser um pouco volúvel quando se trata de novidades?
JB: Espero que isso não aconteça conosco (risos). O que percebemos é que o público de Niterói é muito receptivo. Gosta de conversar com a equipe, de falar sobre Niterói.
O que achou do valor dos aluguéis em Niterói?
JB: Está tão caro quanto Ipanema e Leblon. Os preços cresceram como no Rio porque Niterói é um mercado que tem um público muito qualificado, um consumidor que aprecia boa gastronomia. E, no nosso caso, buscamos ter um bom custo benefício, diante de insumos que não são baratos.
O que significa Gurumê?
JB: Gurumê é a palavra gourmet falada por um japonês. Reflete um pouco da nossa culinária que mistura o tradicional da comida japonesa com outras de várias partes do mundo. Nosso sucesso vem dessa mistura e do tratamento com os clientes
O que você recomenda no cardápio do Gurumê?
JB: A pipoca de camarão, que é um exemplo de fusão. É um tempurá de camarão. Nas bebidas, os drinks são nosso forte. Temos gin próprio, produzido em Minas Gerais. Também temos cerveja própria, produzida em Petrópolis, nos estilos Pilsen, Weiss (cerveja de trigo), Witbier e IPA, pensadas para harmonizar com a nossa culinária. Temos cerveja artesanal desde o primeiro restaurante .
Por que fizeram essa opção?
JB: Fez parte da construção da marca. São elementos que fortalecem a marca. Temos o saquê da casa, que é importado, e servimos em uma garrafa própria nossa. É mais suave, serve como porta de entrada para essa bebida que não é muito conhecida.
Você come comida japonesa todos os dias?
JB: Sim. Eu adoro peixe. Como peixe todos os dias. Quando não é isso, é comida caseira brasileira: feijão, arroz, bife, batata frita e salada.
Já teve oportunidade de experimentar algum restaurante de Niterói?
JB: Sim. Concorrentes e não concorrentes. Eu circulo. No momento, estou apaixonado pelo Gruta de Santo Antonio, gosto demais desse restaurante.
Qual o maior desafio em administrar tantos restaurantes em lugares diferentes?
JB: O maior desafio é fazer com que cada restaurante seja único para a pessoa daquele lugar. Como se fosse restaurante de bairro, que a pessoa se sente em casa. A gente é que tem que se adaptar ao lugar. Operação dá muita dor de cabeça. Fisicamente, posso não estar presente o tempo todo, mas estou sempre 24h ligado. Tenho uma equipe muito boa. No total, são 800 pessoas na equipe. Não faço nada sozinho.
Quais os planos para Niterói, no novo ano?
JB: Fazer dar certo, o que significa, estar sempre lotado. Até agora, está dando.
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