30 de dezembro

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Andrea Ladislau

Andrea Ladislau é graduada em Letras e Administração de Empresas, pós-graduada em Administração Hospitalar e Psicanálise e doutora em Psicanálise Contemporânea. Tem especialização em Psicopedagogia e Inclusão Digital. Na pandemia, criou no Whatsapp o grupo Reflexões Positivas, para apoio emocional a pessoas do Brasil inteiro.
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Manipulação psicológica através do tratamento do silêncio

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O ato de ignorar alguém pode ser considerado um tipo de abuso.

Pelo menos uma vez na vida, mesmo que de forma inconsciente, todos nós já ficamos sem falar com alguém, em silêncio por um tempo, no intuito de conseguir algo? Pois é, isso é mais comum do que imaginamos.

 

Esse tipo de comportamento recebe o nome de tratamento do silêncio. Um método de punição psicológica ou abuso, que consiste em ignorar e excluir alguém durante um período de tempo para mexer com seu emocional.

 

Muito aplicado por narcisistas e psicopatas. Mas quais são as implicações psicológicas desta ação? O tratamento do silêncio é uma estratégia passivo-agressiva de manipulação que transmite desprezo, sempre com o intuito de controle. Pode acontecer dentro de todo tipo de relacionamento: familiar, romântico, profissional e até mesmo entre estranhos.

 

No entanto, é um tipo de tratamento imaturo, cruel e emocionalmente prejudicial à saúde mental de quem o recebe. O ato de ignorar alguém pode ser considerado um tipo de abuso que fere além do nosso corpo físico, pois danifica a alma, uma vez que pode ser considerado como um desprezo.

 

O abusador que provoca o tratamento do silêncio, na grande maioria das vezes, pode ser uma pessoa com personalidade doente, narcisista, autoritária, antissocial, punitiva e perversa. Usa o silêncio como forma de punir sua vítima, favorecendo o comportamento abusivo, através de manipulação e chantagem, com o intuito de comover seus parceiros, filhos, colegas de trabalho, amigos, entre outros.

 

Essas pessoas quando contrariadas recusam-se a ouvir, falar ou responder aqueles que eles desejam atingir, ignoram emocionalmente para magoá-los, puni-los ou manipulá-los. Algumas pessoas até se recusam a reconhecer a existência do outro por horas, dias ou semanas.

 

As vítimas desse abusador, de alguma forma se sentem menos humanas ou até invisíveis. O silêncio frio pode reforçar os sentimentos de vulnerabilidade e medo, por afetar a autoestima, gerar angústia e frustração. A curto-prazo, esse tipo de isolamento causa estresse, desconforto e ansiedade. Contudo, a longo prazo, pode provocar danos maiores à saúde psicológica, inclusive pela facilidade de provocar sentimento de culpa na vítima.

 

Como lidar quando somos vítimas desse tratamento? A primeira coisa a se fazer é encarar a situação com sabedoria e calma. Não alimentar a raiva e não permitir que o ego assuma posição de comando. Também vale a pena procurar a outra pessoa para ter uma conversa adulta. Não cabe conservar o silêncio nessas situações.

 

A “vítima” precisa tentar descobrir o que está errado e não retribuir o tratamento que está recebendo. Se um ou ambos precisarem de espaço, é primordial que resolvam a questão juntos, através do diálogo, quebrando o problema da falta de comunicação e estabelecendo a compreensão mútua com paciência.

 

Ignorar um problema nunca é a solução e as pessoas não deixam de existir só porque decidimos ignorá-las. É preciso maturidade e sabedoria para resolver as questões.

 

Em resumo, o tratamento do silêncio é, sem sombra de dúvidas, uma violência psicológica. É preciso se preservar e manter o equilíbrio. No entanto, se o abuso for constante e não for possível lidar com a situação de forma saudável sozinho, se faz necessário buscar ajuda de um profissional de saúde mental que possui ferramentas para fortalecer a autoestima do indivíduo.

 

Dra. Andrea Ladislau / Psicanalista

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