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A estação mais quente do ano, iniciada dia 22 de dezembro, vai até 20 de março de 2024. Nessa “temporada”, o verão terá predominância de dias sob calor intenso e chuva abaixo da média, nas cidades próximas ao litoral, como é o caso de Niterói. Quem informa é o meteorologista da Climatempo, Vinícius Lucyrio.
– Este verão estará sob domínio do fenômeno El Niño. Seu principal efeito, no verão, é aumentar a temperatura – afirmou.
O El Niño é um fenômeno de aquecimento anômalo das águas do oceano Pacífico equatorial, entre a América do Sul e a Oceania. Este ano, segundo Lucyrio, o aquecimento está entre 2 e 3 graus acima da média, o que caracteriza um El Niño entre forte e muito forte, que atingirá seu pico na primeira quinzena de janeiro.
De acordo com o meteorologista, os dois últimos verões estiveram sob domínio de La Niña, que provoca na estação os efeitos opostos do El Niño.
Na prática, o que é possível esperar para a próxima estação são muitos, muitos dias com a temperatura batendo 40 graus. A chuva pode até ser abaixo da média, mas quando der o ar da graça, “tem risco potencial de provocar grandes transtornos”. Segundo Lucyrio, a previsão é de um verão com chuvas mal distribuídas, com sequência de dias com tempo mais seco e temperaturas mais altas.
Por que de uns tempos para cá, tudo virou “culpa” do El Niño?
VL: – O fenômeno da oscilação da temperatura do mar sempre existiu. O nome, inclusive, teria sido dado pelos povos antigos que habitavam na região do Peru e do Equador. Pescadores, eles detectavam que, em determinada época do ano, as águas ficavam mais aquecidas e o rendimento da pesca caía. O motivo da diminuição da quantidade de peixes eles não sabiam: é que as águas aquecidas ficavam com menos nutrientes para os peixes. Esse fenômeno costumava ocorrer perto das festividades do Natal e por isso aqueles povos batizaram de El Niño, em referência ao menino Jesus. Com as mudanças climáticas, o fenômeno passou a ocorrer com mais frequência e maior intensidade, então, se fala mais sobre ele – explicou Lucyrio.
Na sua opinião, a forma como o verão vai se “comportar” tende a beneficiar o turismo no Rio de Janeiro. Afinal, serão mais dias de sol e vai chover menos.
Particularmente, a estação do ano que ele mais gosta é o inverno. Do verão ele quer distância, até porque – disse – já “sofreu” o suficiente com o calor feito durante a Primavera.
Em meio a extremos climáticos, como é a rotina de um meteorologista que precisa ajudar as pessoas a organizarem suas rotinas, a partir de previsões do tempo?
VL: – Quando as pessoas sabem que sou meteorologista, me perguntam bastante se vai chover ou não. Isso não me chateia, acho legal. O mais curioso é quando “descobrem” que estão diante de um meteorologista. A reação é quase sempre a mesma de espanto, dizem: ‘nossa, é a primeira vez que vejo um meteorologista’. Não acho nada disso chato. Nem quando reclamam da previsão errada e reclamam muito. A gente não quer errar, mas trabalhamos com um fluido caótico e estamos sujeitos ao erro – afirmou.
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