O palco montado na Praia de Icaraí desabou.
A árvore de Natal em São Francisco tombou.
Mas eu não caí em 2023 – ainda, por enquanto!
E olha que, no último dia de novembro, bati a meta de 5 mil quilômetros andados no ano. Coisa de 7 milhões de passos. Claro que alguns foram em falso, mas desabar, tombar e cair, nem uma vez sequer. Good for me.
Meu amigo Murilo não teve a mesma sorte. Caminhante de todos os dias no calçadão de Icaraí, estabacou-se do alto de seus quase 80 anos feito uma manga madura no chão. Pé quebrado, braço fraturado, joelho ralado.
É dura a vida de quem andarilha por essa cidade off-road.
Drummond, o nosso Carlos de Andrade, poeta maior, é sempre a minha inspiração de vida. Afora sua genialidade, sua mineirice, seu tudo, o poeta foi “colega” de sala de aula no Colégio Anchieta, da Companhia de Jesus, em Nova Friburgo. Claro, ele, aluno, 50 anos antes de mim, em 1919. Eu entraria naquele colégio em 1969.
No poema “Para sempre”, Drummond vai direto ao ponto: “Fosse eu Rei do Mundo, baixava uma lei: mãe não morre nunca…”
Na minha modéstia, humildade e insignificância, redigiria a mesma lei. Mas como o poeta já o fez, prefiro trilhar outros caminhos.
Fosse eu Rei do Mundo, a minha lei seria mais modesta, seria sancionada agora e já poderia entrar em prática no dia 1º de janeiro de 2024:
“Toda calçada, calçadinha e calçadão da cidade terá de ser digna!”
Hoje, não o é. Nem de longe. Ao contrário, é o caminho mais curto entre uma distração qualquer, um tombo e o leito de um hospital. Não é verdade, Murilo?
Francamente, Niterói: olhe por suas calçadas! Ou o tombo na qualidade de vida será grande e dolorido.
Feliz 2004