COMPARTILHE
É nítido. O avanço da vacinação tem gerado um maior movimento do comércio de rua e de shoppings em Niterói. Os consumidores mais cuidadosos, agora, com a primeira dose da vacina, já sentem mais confortáveis a voltar às atividades presenciais, entre elas, as compras. Basta uma ida à Rua Paulo Gustavo, em Icaraí, para notar que a circulação de pessoas com sacolas de lojas. Entre os comerciantes, o clima é de otimismo: o avanço do calendário de vacinação é um dos fatores que tem colaborado para impulsionar as vendas e a maior adesão de pessoas em lojas físicas.
O A Seguir: Niterói foi a uma das principais ruas de comércio da cidade para conversar com os lojistas sobre o movimento das lojas neste segundo semestre, o comparativo das vendas em relação ao ano passado e para falar das expectativas da retomada da economia na cidade.
Gerente da Zinzane, loja de roupa feminina de Icaraí, Luzia Freire conta que no estabelecimento o movimento tem sido positivo, no passo da vacinação. Depois de um 2020 atípico e de queda acentuada nas vendas, a movimentação na loja começou a voltar aos seus eixos. Mesmo tendo que fechar por um período no ano passado, ela conta que não precisou demitir nenhum funcionário, já que a loja apresentou estabilidade durante boa parte da pandemia. O fluxo maior de pessoas desde o início do ano tem chamado atenção.
– A gente passou bem pela pandemia. Algumas lojas fecharam, mas nós resistimos. Não tivemos retenção de gastos. Nossa loja atinge todas as faixas etárias. As pessoas estão indo mais à rua. Estamos escutando isso das próprias clientes que frequentam aqui. Estamos otimistas em relação ao Natal. Acho que será de muito crescimento. Tem a Black Friday antes também, em novembro – ressaltou.
Vendedora há dois anos da loja de roupas femininas Garage, Letícia Pereira conta que uma das estratégias para atrair clientes é a manter promoções fixas. A placa de saldos fica logo na entrada da loja, fazendo um convite ao consumo em tempos de crise. A maré positiva também resultou na ampliação da loja, que se torna ainda mais atrativa agora que é mais arejada.
– Algumas clientes entram na loja com a ideia de comprar só algumas peças que estão em promoção, mas acabam levando outros itens também. Ano passado as pessoas tinham mais medo de vir para a rua e comprar porque nossa loja era bem menor. Em junho, passamos por uma reforma e expandimos. Muitas clientes deixavam de vir porque só com as vendedoras a loja já ficava cheia. Elas ficavam aflitas. Fechamos em junho por 15 dias para obra, mas voltamos em julho e o movimento tem aumentado, de forma progressiva. Uma estratégia que a loja adotou também foi dar férias para os funcionários e evitar a rescisão.
Uma vendedora da Bijouly, loja de acessórios femininos, definiu o movimento da loja como “constante”. É um entra e sai de cliente o dia inteiro, independente do horário, do dia. Os consumidores, depois de vacinados, têm se mostrado mais seguros.
– Não temos o que reclamar sobre o movimento da loja. Pegamos um público de 20 a 65 anos. E vendemos de tudo um pouco — conta. Percebemos ainda pouca procura por parte dos idosos. Acho que eles continuam evitando ao máximo vir para a rua. No final do ano, acredito que as vendas sejam ainda melhores.
Proprietário da Câmera 1, Renato Moreth diz que o dia dos pais foi muito representativo e mostrou que o comércio está voltando com o vigor do período de pré-pandemia. Ele diz que em relação ao ano passado, o movimento da loja foi muito maior e notou que os clientes mais fidelizados voltaram a frequentar mais o espaço, que tem uma grande seção de presentes.
– Em relação ao ano passado tudo aumentou, né? O movimento, as vendas… A vacinação tem um peso nisso. Mas acho que, para pontuar, o Dia das Mães deu um gás maior, porque é a segunda maior data do comércio e o Dia dos Pais, claro. Agosto foi um mês muito bom para a gente, porque já temos uma seção fixa da loja dedicada aos pais e em agosto, próximo à data, expandimos essa seção. O foco da loja nunca foi o online, apesar de termos uma página no Instagram. Eventualmente um cliente nos procura por lá e a gente viabiliza a entrega, mas a loja física ainda tem um grande peso – explicou.
Para Moreth, além do consumo, o niteroiense sentiu falta do comércio local como ponto de encontro e passeio de fim de semana. Afinal, que morador da cidade nunca “bateu perna” na Rua Paulo Gustavo?
– Estamos vendo os clientes com saudade e retornando, aos poucos. Costumamos ter muito movimento sexta e sábado – conta.
Em relação ao Natal, a expectativa é alta. Moreth diz que, com a carência dos encontros e confraternizações familiares e de empresas, a expectativa é que a procura neste segundo semestre seja ainda maior.
– Agora com a segunda dose chegando para mais pessoas, tem muita gente voltando. No Natal, certamente teremos um movimento ainda maior. Ainda tem a terceira dose, que também está avançando. Sem contar que as pessoas estão com uma carência de se encontrar tremenda.
Para um efeito mais “real” de análise do mercado, comerciantes têm preferem comparar as vendas com o ano de 2019, já que 2020 foi um ano quase perdido para o setor. É o caso da Armadillo, que já tem conseguido observar as vendas se aproximarem do patamar pré-pandemia.
– Como as pessoas ficaram muito tempo em casa, e agora que estão saindo com mais regularidade, acabam considerando consumir mais roupas, voltaram a pensar mais nisso. As pessoas ficaram receosas por um tempo e ficaram muito em casa, isso acabou impactando. Agora elas estão gastando um pouco mais. Estamos tendo uma saída maior de produtos. Tivemos uma venda expressiva no dia dos pais e a expectativa para o segundo semestre, que costuma ser a melhor época do ano para o comércio, é muito boa – explicou o gerente da loja, Bernardo Vianna.
Estabelecimentos do setor de serviços que dependem da movimentação do comércio também reconhecem a evolução da economia. Maria Nascimento trabalha na Browneria, uma loja de doces tradicional localizada dentro do Shopping Icaraí. Há 7 anos trabalhando como vendedora na loja, ela diz que quando a pandemia começou, viu o fluxo de clientes, naturalmente, despencar. Ela admite que o faturamento em 2021 ainda engatinha, mas já se mostra consideravelmente melhor do que no ano passado.
– Não foi o melhor ano para a gente, mas estamos vendo que as pessoas estão mais confiantes, voltando ao normal, se adaptando como podem. A vacina ajudou bastante também, as pessoas se sentem mais confortáveis em tirar as máscaras. O público de idosos também tem aumentado. A Browneria sempre teve um público de muitos idosos, que gostam de sentar aqui para tomar um cafézinho e comer um brownie. O movimento melhorou muito. Acho que é isso, as pessoas se sentem mais seguras após a vacina.
COMPARTILHE