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Dar vida à memória, sobretudo, de um importante legado cultural e histórico compartilhado entre italianos e brasileiros. Essa é a proposta do livro “Cucina d’Amor – Histórias e Receitas de italianos no Brasil”, que narra a trajetória das famílias Marasco, Sassi, Petraglia, Buzin, Bruno, Tagliabue, Polizzo, Pollola, Lorusso, Paura, Fuscaldo, Chinelli, Carino, Lucchesi, Acceta, Villa, Cappucci e D’Andrea. A obra terá seu segundo lançamento em Niterói nesta terça-feira, 28 de novembro, às 18h30, no Salão Nobre da Associação Médica Fluminense (AMF).
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Receitas do coração
Das tardes regadas a pão e vinho, entre outras especialidades italianas, Suzanne Iervolino, sócia do restaurante Da Carmine também uma descendente, se dedicou à escuta ativa de 21 histórias contadas por imigrantes ou por seus descendentes. Como resultado, transformou os relatos em crônicas que traduzem o universo dessas famílias e como elas conseguiram se estabelecer na cidade e prosperarem, mesmo com todas as adversidades. A ideia surgiu durante a pandemia, quando resolveu estudar a fundo sobre seus antepassados e outras famílias de italianos que se estabeleceram na cidade. Maturando tudo, pensou em escrever um livro. Ao conversar com Verônica Oliveira e Maria Gomes, que assinam a direção do projeto “Niterói, amor mio”, a ideia ganhou forma e virou um book trailer.
Cada uma dessas crônicas é representada por um prato típico da culinária italiana que pode ser doce, apimentado ou salgado. Cada receita foi produzida pelo Chef Bruno Marasco, dono do restaurante Da Carmine, sob os olhares curiosos dos entrevistados – muitos não faziam ideia do prato que seria preparado e do poder que trazia – e tinham como referência as suas lembranças compartilhadas durante a entrevista. Enquanto isso, a cineasta Naila Gianni e a fotógrafa Adriana Oliveira registraram todos esses momentos.
– A imigração italiana em Niterói vem de longa data. Desde a chamada “Grande Imigração”, entre 1870 e 1930, os italianos se fixavam em Niterói e São Gonçalo, pela proximidade da Hospedaria de imigrantes da Ilha das Flores, aberta desde 1883. Essas famílias que aqui se fixaram ocuparam ofícios como engraxate, vendedor de frutas e jornaleiros. Dessa forma, se inseriram no dia a dia da cidade, trazendo consigo a magia do gestual e o gosto pela cultura da boa mesa. Como ressaltam vários autores (DaMatta, Cascudo e Montanari), a culinária por si só representa um “marcador identitário” de grande relevância. De acordo com eles, “comida é cultura” e constitui-se como importante narrativa de uma memória social da comunidade – destaca a jornalista e escritora niteroiense e gestora do projeto, Verônica Oliveira.
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