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“Está tudo caro”, reclamava a consumidora num supermercado de Santa Rosa, na manhã da última sexta-feira. A fala dela não se trata de uma percepção individual. O preço dos alimentos em Niterói disparou nas últimas semanas, impulsionado por fenômenos climáticos e também pelo mercado internacional. E como a Economia funciona em cadeia, quem sente é o consumidor final, que tem que enxugar a lista de compras para caber no orçamento.
Nos supermercados da cidade, já é possível encontrar o óleo de soja por mais de R$ 10, assim como o quilo do popular feijão preto. São itens indispensáveis no prato da maior parte da população. Outro produto que disparou foi o leite, assim como os derivados. A caixa do longa vida integral, que há um ano custava menos de R$ 3, agora passa de R$ 5 na maioria dos estabelecimentos.
Para se ter uma ideia, até o famigerado carro do ovo, que percorria os bairros residenciais mais populares da cidade anunciando “Trinta ovos por dez reais” quase não é mais visto. Quando aparece, vende uma cartela “minguada”, com dez unidades a menos, pelo mesmo custo de antes. E no mercado, o preço do produto dobrou. Os mesmos 30 ovos agora custam até R$ 20.
Demanda maior que a oferta
Diretor da faculdade de Economia da UFF, Ruy Santacruz explica que duas situações têm pressionado os preços dos alimentos: problemas climáticos, como as geadas de julho e a estiagem no Centro-Sul do Brasil, e a conjuntura internacional, que aumentou o preço dos principais produtos que o país exporta.
— Tivemos aquela geada, que traz problemas na produção e na oferta, e isso está se refletindo agora em agosto. Agora o clima quente e seco na região Centro-Sul também não ajuda em nada — explica.
Além do desequilíbrio climático que comprometeu a produção, o mercado internacional tem “jogado contra” os brasileiros. É que o preço dos principais produtos que o Brasil exporta — como soja, milho e carne bovina, por exemplo — está nas alturas. Como resultado, o produtor ganha mais vendendo para fora. A produção que sobra é insuficiente para a demanda interna e fica mais cara.
— Além da pressão sobre os produtos agrícolas, a gente tem pressão através do milho na ração animal, que sobe o preço da cadeia de proteínas. Por isso o impacto na carne, nos ovos, no leite e derivados.
Para a tristeza do consumidor, a expectativa do mercado é de que os preços continuem elevados nos próximos meses. Ou seja, a lista de compras vai continuar pesando no bolso.
— A expectativa para os próximos meses é de que isso continue. A inflação está muito alta, muito pesada, e não há expectativa de que esses preços recuem tão cedo, finaliza Ruy Santacruz.
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