27 de dezembro

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Andrea Ladislau

Andrea Ladislau é graduada em Letras e Administração de Empresas, pós-graduada em Administração Hospitalar e Psicanálise e doutora em Psicanálise Contemporânea. Tem especialização em Psicopedagogia e Inclusão Digital. Na pandemia, criou no Whatsapp o grupo Reflexões Positivas, para apoio emocional a pessoas do Brasil inteiro.
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 Aplicativo “Discord”: arma virtual potencializa sérios riscos físicos e emocionais

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O Discorder se tornou muito popular entre os jovens, porém tem apresentado também muitos perigos.

O aplicativo Discord voltou a ser pauta da revista eletrônica dominical da Rede Global: Fantástico. A reportagem apontou o crescimento dos acessos virais, potencializando riscos graves para a saúde física e mental de nossos jovens e crianças.

Os perigos por trás desse aplicativo de mensagens que se tornou muito popular entre os jovens, descortina conversas de menores de idade expostos a situações de importunação sexual, incentivo à automutilação e até mesmo, a crueldade contra animais e os abusos psicológicos, vivenciados pelas vítimas, na solidão de quatro paredes.

O famoso “Discord” se tornou palco de desafios extremos e traz em seu conteúdo vídeos perturbadores. É uma plataforma gratuita com interações, no mínimo, violentas, onde, como mencionado na reportagem, criminosos anônimos incentivam crianças e adolescentes a praticarem desafios que envolvem automutilação e até mesmo pedofilia.

Mas o que está por trás dessas tendências e buscas virais por este tipo de aplicativo extremamente perigoso? Por que situações destrutivas e que suscitam riscos á saúde física e emocional, podem viralizar entre nossas crianças e adolescentes?

Qual o gatilho motivador que faz com que eles busquem acompanhar e fazer parte destes aplicativos?

Psicanaliticamente falando, devemos lembrar que o ser humano possui o desejo inerente do pertencimento. Uma necessidade de pertencer a alguma tribo ou a algum grupo.

Esses jovens e crianças ainda estão passando pelo processo de construção de sua personalidade e tendem a ter mais aflorado esse desejo de fazer parte de algum tipo de “comunidade”.

Motivo pelo qual, os pais ou responsáveis devem manter uma rotina de diálogo, uma comunicação aberta, uma escuta ativa, além da abertura da possibilidade e flexibilização para que os filhos possam externar seus sentimentos e suas emoções.

Sem dúvida alguma, através do diálogo é possível investigar qual motivação leva esse indivíduo a se aventurar por ações coletivas duvidosas, viralizadas nas redes sociais.

Um outro aspecto, muito importante, tem chamado a atenção já há algum tempo: a busca pela popularidade. Ser popular, ter a atenção de todos, ser querido, ser o “bom” ou a “boa”, ou mesmo ser notado.

Um tipo de comportamento que denuncia sinais de autoestima baixa, complexo de inferioridade ou fobia e neurose relacionados à rejeição.

E ainda podemos levantar mais alguns questionamentos relacionados à motivação: será que esse indivíduo não está buscando ser notado, por não estar sendo visto ou acompanhado em casa? Precisa chamar a atenção de seu entorno pela impossibilidade de se expressar e ser compreendido por todos?

A subjetividade mostra que muitas são as perguntas e diversas podem ser as respostas. Mas, não podemos fechar os olhos ao que tem sido ofertado aos jovens.

Pois, visto toda a urgência e velocidade tecnológica que estamos vivenciando nos últimos anos, existe uma necessidade iminente dos pais estarem atentos ao que é consumido pelos filhos nas redes sociais.

Estão se alimentando de que tipo de conteúdo? Estão gastando tempo e energia com que tipo de informação? Esse controle mais presente, recheado de diálogo e informação e sem imposições, é fundamental para que não sejam influenciados por ações destrutivas que possam afetar seu equilíbrio físico e emocional.

Portanto, toda a atenção é necessária. Afinal, o âmbito familiar é a base de construção do caráter, da personalidade, dos valores e do comportamental de nossos adolescentes.

Os perigos fazem parte da vida e a sabedoria está em fortalecer a comunicação, a educação e a formação do caráter e do estado emocional desse indivíduo que, muitas vezes clama por socorro, pede limites e acena por atenção e pela possibilidade de poder posicionar sua voz em muitos momentos.

Basta que estejamos dispostos a ouvir e atender aos apelos silenciosos. Desta forma, podemos evitar a proliferação de um exército de adolescentes perdidos e sem foco, afundados em abusos e excessos, consumidos através das redes sociais.

Dra. Andréa Ladislau  /  Psicanalista

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