COMPARTILHE
Quantos somos e onde estamos. Essas são as principais informações que os primeiros resultados do Censo demográfico 2022, divulgado nesta quarta-feira (28) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, (IBGE) nos informa.
Somos 203.062.512 pessoas que vivem em 90.688.021 domicílios. Para fazer o levantamento, os recenseadores visitaram 106,8 milhões de endereços espalhados por 8,5 milhões de quilômetros quadrados.
Desde 2010, quando foi realizado o Censo Demográfico anterior, a população do país cresceu 6,5%, ou 12.306.713 pessoas a mais. Isso resulta em uma taxa de crescimento anual de 0,52%, a menor já observada desde o início da série histórica iniciada em 1872, ano da primeira operação censitária do país.
A apresentação dos dados foi feita em uma cerimônia realizada no Museu do Amanhã, no Rio de Janeiro. O censo começou a ser feito em agosto do ano passado e deveria ter terminado em dezembro. Mas só foi concluído em março passado.
Desistências dos convocados para serem recenseadores, dificuldade de acesso a domicílios e até atrasos de pagamento da equipe foram alguns dos problemas enfrentados pelo “censo”. Não por acaso, no auditório lotado do museu, alguns funcionários do IBGE portavam cartazes reivindicando reajuste salarial.
O próprio presidente interino do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Cimar Azeredo, explicitou as dificuldades. Em entrevista coletiva após o evento, ele admitiu esperava que houvesse uma defasagem muito grande entre estimativas feita pelo órgão e o número oficial apresentado pelo Censo Demográfico 2022.
– Foi uma contagem feita depois de 12 anos. Já esperávamos uma defasagem. Não podíamos esperar que fosse tão alta, mas já sabíamos que ia dar uma diferença em relação à população que vinha sendo estimada – afirmou ele informando que, em 2025, será feita uma nova contagem da população brasileira.
De acordo com o coordenador técnico do Censo, Luciano Duarte, em 2022, a taxa de crescimento anual da população brasileira foi reduzida para menos da metade do que era em 2010 (1,17%),
A principal “conclusão” dessa primeira apresentação dos dados é que as cidades de médio porte foram as que tiveram maior crescimento populacional.
O Sudeste continua sendo a região mais populosa do país, atingindo, em 2022, 84,8 milhões de habitantes. Esse contingente representava 41,8% da população brasileira.
Os primeiros resultados do Censo 2022 também apontaram que São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro seguem sendo os estados mais populosos do país. Juntos, os três concentravam 39,9% da população brasileira. São Paulo, o maior deles em termos de população, tinha 44,4 milhões de habitantes. Cerca de um quinto da população brasileira (21,8%) vivia no estado.
Roraima também continua sendo o estado menos populoso, com 636,3 mil habitantes, ainda que tenha apresentado a maior taxa de crescimento anual no período de 12 anos (2,92%). Na sequência, os estados com menor número de habitantes foram Amapá (733,5 mil) e Acre (830 mil).
Catorze estados e o Distrito Federal registraram taxas de crescimento anual acima da média nacional (0,52%) em 2022. Além de Roraima (2,92%), que passou de uma população de 450.479, em 2010, para 636.303 em 2022, destacaram-se no crescimento populacional Santa Catarina (1,66%), Mato Grosso (1,57%), Goiás (1,35%), Amazonas (1,03%) e Acre (1,03%).
Entre os estados que menos cresceram (com variação de 0,1% ou menos) está o Rio de Janeiro (0,03%), o terceiro mais populoso do país. A população fluminense passou de 15,9 milhões, em 2010, para 16,1 milhões, em 2022. Os demais foram Alagoas (0,02%), Bahia (0,07%) e Rondônia (0,10%).
Há 5.570 municípios no país e quase metade (44,8%) desse total tinha até 10 mil habitantes em 2022. Nesses 2.495 municípios viviam 12,8 milhões de pessoas. A maior parte da população do país (57% do total) habitava apenas 319 municípios, o que, de acordo com a publicação, evidencia que as pessoas estão concentradas em centros urbanos acima de 100 mil habitantes.
Os 20 municípios mais populosos do país concentravam 22,1% do total da população e 17 deles são capitais. Os demais foram Guarulhos e Campinas, em São Paulo, e São Gonçalo, no Rio de Janeiro. A capital paulista aparece em primeiro lugar no ranking, com 11,5 milhões de habitantes, seguida do Rio de Janeiro (6,2 milhões) e Brasília (2,8 milhões).
No caso de São Gonçalo, a cidade que estava perto de um milhão de moradores na última pesquisa do IBGE, perdeu quase 100 mil pessoas.
O diretor de geociências do IBGE, Claudio Stenner, observa que a redução do número de habitantes nas metrópoles é algo inédito no país:
– Muitas vezes o município núcleo da metrópole, daquela concentração urbana, perde população, mas as cidades vizinhas ganham. Isso tem a ver com o espalhamento do tecido urbano para além dos limites municipais. Isso quer dizer que há expansões novas, até pelo esgotamento de área desse município. É uma parte importante da explicação desse fenômeno.
Em números absolutos, as três cidades acima de 100 mil habitantes que registraram maior aumento populacional são capitais, com destaque para Manaus, no Amazonas, que passou de 1,8 milhão para 2,1 milhões, um aumento de 261,5 mil pessoas em 12 anos.
-Saber quantos somos e onde vivemos é um grande passo. É como entendemos a nossa geografia e podemos avançar no desenvolvimento de políticas públicas – afirmou Cimar Azeredo.
Segundo ele, em julho, começam as ser divulgados os dados “temáticos” que estão sendo elaborados a partir do Censo 2022. Nessa época, serão divulgados, por exemplo, perfis da população indígena e quilombola do país, além de um estudo sobre a capacidade de leitura e escrita da população.
Acompanhe mais notícias sobre migração para cidades menores e Censo do IBGE 20/22 no nosso site e Instagram.
COMPARTILHE