23 de novembro

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Em Niterói, uma mulher zela pela cidade há 30 anos: Dayse Monassa

Por Sônia Apolinário
| aseguirniteroi@gmail.com

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Neste Mês da Mulher, Dayse Monassa completa 10 anos somente como titular da Secretaria de Conservação e Serviços Públicos de Niterói.
dayse monassa
O Parque da Cidade é um dos lugares preferidos, em Niterói, de Dayse Monassa. Fotos: Divulgação.

No Mês da Mulher, no próximo dia 21, Dayse Monassa completa 10 anos como titular da Secretaria de Conservação e Serviços Públicos de Niterói (Seconser). É a mais longeva responsável por uma pasta na administração municipal.

Um presente antecipado ela já ganhou. A Prefeitura anunciou, na última segunda-feira (6), que o município se tornou o segundo do país a receber o selo “Cidade Amiga das Árvores” oferecido pela Sociedade Brasileira de Arborização (SBAU).

A cidade ganhou o prêmio por se destacar nos fundamentos das ações que a entidade ambiental preconiza para seus projetos de inclusão e reinclusão das árvores nas cidades. A primeira cidade a receber o selo foi Campo Grande, capital do Mato Grosso do Sul.

Leia mais: Niterói teve um aumento de 47,9% nos atendimentos a mulheres em situação de violência, entre 2022 e 2021

Plantar árvores pela cidade é uma das tarefas da Seconser. Somente no ano passado, foram plantadas 721. Também é função da secretaria a limpeza de rios e canais, cuidar da iluminação e da conservação de todos os equipamentos públicos.

No final das contas, grande parte dos problemas que o niteroiense tem no seu dia-a-dia, tirando os engarrafamentos, acaba caindo no colo de Dayse.

– As pessoas falam comigo como se eu fosse A prefeitura. Porém, nem todas as questões que trazem para mim são, de fato, comigo. Mas eu não posso simplesmente responder: “esse assunto não é comigo”. Eu ouço e encaminho para o órgão certo – conta ela.

 

Dayse Monassa, ao lado do prefeito Axel Grael, em uma inspeção de rotina.

Isso não significa que Dayse seja assim tão cordata. Difícil ela deixar algo sem resposta. Quando pisam no calo da Prefeitura, então, é certo que assumirá sua defesa.

– Penso três vezes para decidir se vou esculhambar de volta ou não – diz a secretária para, em seguida, soltar uma sonora gargalhada.

Niteroiense do Barreto, Dayse, de 61 anos, é graduada em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Santa Úrsula (RJ). Em 1989, ingressou no quadro da Empresa Municipal de Moradia, Urbanização e Saneamento (EMUSA), da Prefeitura de Niterói, como Gerente Executiva dos programas “Vida Nova no Morro” e implantou alguns módulos do programa “Médico de Família”.

Em 1993, assumiu a Diretoria de Operações da EMUSA. No cargo, foi  responsável pela coordenação de obras como a construção do Terminal Rodoviário João Goulart – projetado pelo urbanista e depois prefeito de Niterói João Sampaio -, pelas obras de duplicação da Avenida Visconde do Rio Branco e pela construção do Museu de Arte Contemporânea de Niterói.

Em 1997, deixou a Emusa para assumir a presidência da Companhia de Limpeza Urbana de Niterói (CLIN). Ficou no cargo por oito anos até assumir a Seconser.

Este ano, uma das atenções da secretaria está relacionada com o projeto da Prefeitura de substituição da frota municipal por carros elétricos. A meta é ter 150 desses veículos, até 2024, em diferentes órgãos municipais. Os carros serão abastecidos por energia solar fotovoltaica.

A Prefeitura já informou que serão investidos R$ 45 milhões na compra desses carros e na infraestrutura para carregar esses veículos com energia produzida em prédios públicos. Um desses prédios será a sede da Seconser, na Ponta d’Areia. A meta é chegar a 800 placas instaladas até 2024.

Em uma breve entrevista por telefone para o A Seguir, Dayse contou sobre o desafio de ser a principal zeladora da cidade de Niterói.

Você consegue ir a algum lugar sem que lhe façam alguma reclamação?

– Eu gosto quando as pessoas se aproximam para falar comigo e isso acontece a toda hora. É verdade que tem dias que estou de mau humor e sinto vontade de chutar a canela de todo mundo. Mas, não tenho esse direito. Qualquer cargo público pede dedicação. É difícil separar um momento que seja somente particular e eu não tenho o direito de perder a paciência. De certa forma, em qualquer lugar que eu vá, estou trabalhando, porque olho uma coisa aqui, outra ali. Por exemplo, eu gosto de tomar café na padaria. Nesses dias de mau humor, é melhor eu não ir na padaria ou em algum evento como inaugurações.

O selo “Cidade Amiga das Árvores” é um reconhecimento por um trabalho que vem sendo feito há anos pela secretaria. Acredita que os moradores da cidade também reconhecem esse trabalho?

– Quando passo pela Alameda e vejo árvores que plantamos dando flores lindas, me dá muito orgulho. Porque eu vou embora, mas as árvores vão ficar. Hoje, não planto árvores por plantar. Plantamos de acordo com o equipamento urbano do local, onde não tem fiação, por exemplo. Porque árvore não nasceu para ser podada. No calçadão da UFF, na litorânea, plantamos 160 árvores Pau-Brasil. Elas crescem até 6 metros e puderam ser plantadas lá porque não tem fiação.

Na Roberto Silveira, em frente ao Caio Martins, plantamos Resedás que crescem até 3 metros, não vão esbarrar em nada. Na Paulo Gustavo, tem várias pitangueiras, como em um trecho de Charitas. No Engenho do Mato, tem uma praça chamada Mangueirão porque lá tinha uma mangueira enorme, secular. Porém, a mangueira foi destruída por um raio. Plantei no local seis mangueiras de tipos diferentes, mas mantive o tronco da árvore original, como um marco. Isso foi em 2016. Hoje dá mangas de vários tipos. Esse é um trabalho constante, sem contar que metade da cidade está sob preservação ambiental. Penso que estamos fazendo uma revolução silenciosa.

Você mora em Pendotiba. Quais as principais reclamações que seus vizinhos lhe fazem?

– As principais reclamações que fazem por lá é sobre iluminação e também buracos, para ser sincera. Mas é porque a região está em obras para implantação de esgoto e isso não tem o que fazer. Obra é obra.

Qual seu principal desafio à frente da Seconser?

– Melhorar o relacionamento com o público. Em 2013, por exemplo, criamos uma atendente virtual, a Mariah Seconser, e deu muito certo. Porque quando as pessoas ficam muito irritadas, elas querem reclamar. Naquela época, faziam as reclamações em seus perfis pessoas do Facebook, por exemplo. Fica difícil responder algo tão espalhado. O relacionamento com o cidadão era muito ruim. Naquele momento, já era uma época digital e a Prefeitura ainda não estava atuando ali. Hoje, esse quadro mudou e nós, agora, estamos no aplicativo Colab. Já chegamos a mais de 50 mil pedidos e resolvemos 80% dos casos. Às vezes, não conseguimos resolver de imediato porque depende de mais de um setor. Aprendi que é importante saber ouvir. Tem que ter sensibilidade para saber o que é importante e saber conduzir as demandas. Uma coisa é certa: eu vou sempre defender a prefeitura.

Você é um escudo protetor do prefeito?

– Não, não sou escudo protetor do prefeito, mas absorvo várias demandas.

Quais as metas da secretaria para este ano?

– Além de terminar a implantação da iluminação de led na cidade, é a construção, na sede da secretaria, do telhado com placas fotovoltaicas para abastecer a futura frota de carros elétricos da Prefeitura. A secretaria de Ordem Pública, no Barreto, também terá um telhado com  placas fotovoltaicas para o mesmo fim.

Quando a secretária dá lugar à moradora, onde gosta de passear, pela cidade?

– No Parque da Cidade, no Campo de São Bento e caminhar pelo calçadão de Piratininga.

Você que conhece tão bem Niterói e seus problemas não pensa em ser prefeita?

– Ser prefeita? Tá maluca? Não penso, eu ajudo o prefeito.

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