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A Banda do Ingá, 50 anos de carnaval, alegria e solidariedade em Niterói

Por Livia Figueiredo
| aseguirniteroi@gmail.com

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A banda reuniu cerca de 15 mil pessoas na abertura do carnaval e recolheu oito toneladas de alimentos para doação
Banda do Ingá - Caminho Niemeyer
Banda do Ingá, uma das mais tradicionais da cidade. Foto: Arquivo

Uma dose de serpentina, muita música e banho de “espuma”. A combinação é um clima de alto astral envolta de um ambiente familiar, típico da Banda do Ingá que completa 50 anos de história. É um dos blocos mais tradicionais de Niterói. Ao perguntar para os foliões o que representa a Banda do Ingá, algumas palavras citadas foram: pertencimento e amizade.

No domingo (12), em comemoração aos 50 anos de história,  reuniu cerca de 15 mil pessoas, no Caminho Niemeyer. Música, alegria e, uma outra marca do bloco, solidariedade. A banda arrecadou oito toneladas de alimentos. A música do evento ficou por conta das bandas Bicho Solto, Os Intimistas, Axerê e de um trio elétrico. Pela primeira vez, a saída do bloco foi transmitida pela televisão e a TV Cultura ficou responsável pelo registro de alguns trechos.

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A Banda do Ingá já chegou a reunir 60 mil pessoas. Foto: Arquivo

O A Seguir: Niterói conversou com o futuro presidente da Banda do Ingá, Bruno Gallo, que é filho de um dos fundadores do bloco, o Secretário de Esportes e Lazer de Niterói, Luiz Carlos Gallo, além de alguns foliões para falar da trajetória do bloco.

– A Banda do Ingá sempre foi um evento familiar. Muito organizada e super tranquilo de ir. É um momento que aproveitamos para nos divertir e reunir com amigos e vizinhos do bairro. O evento a cada ano está inovando e melhorando. Cada edição que vou eu faço mais amizades. Acho que é isso: a tradição da Banda do Ingá é que você amplia seu ciclo de amizades – pontua Lucila Monteiro, frequentadora do bloco de longa data.

Túnel do tempo

Alender frequenta o bloco da Banda do Ingá desde os primórdios, em 1990. Ele mora na Boa Viagem, bairro vizinho do Ingá, há 40 anos, o que facilita o acesso ao bloco. A união da comunidade e o “asfalto”, onde todos por algumas horas são iguais é o que mais chama atenção. Ele destaca alguns pontos que foram lapidados com o tempo, como a matinê das crianças, com a maior diversidade das atividades e de brinquedos.

– Para mim isto que marcar mais: a alegria de todos. Antigamente acontecia a pré-banda na Nilo Peçanha e a resenha era ótima. Gostava que a banda dava volta no Ingá pela rua Paulo Alves e Tiradentes e passava em frente ao colégio Aurelino Leal. A Banda do Ingá é um ambiente totalmente familiar. Gosto de ver as bandas, a animação popular e rever amigos de longa data – ressaltou.

Frequentador da Banda do Ingá desde que nasceu praticamente, Bruno Gallo lembra da época que a Banda tinha um bloco de bateria voltado para crianças. No fim do festejo era certo o “banho de espuma” no mar, momento sagrado em que a união dos foliões era selada na Praia das Flechas, com um mergulho no mar.

Os donativos para pessoas em situação de vulnerabilidade já viraram tradição da Banda do Ingá. Foto: Arquivo

– Acho que a Banda passou por muitas gerações do bairro do Ingá. É um das mais tradicionais e abrange várias classes sociais. As pessoas esperam pelo bloco no bairro, rola uma empolgação muito forte. Você vê até hoje idosos curtindo o bloco com os netos. O público foi se ampliando com o tempo também. Acho que a parte social também conta, como os donativos de alimentos que arrecadamos. As pessoas chegam já perguntando do abadá, como podem trocar pelos donativos. Desde sempre a gente procura apoio. São pessoas conhecidas que já procuram por isso. A gente geralmente distribui as doações em umas setes instituições, como o Palácio, duas em São Gonçalo e nas igrejas também – ressalta.

Bruno Gallo e sua esposa na Banda do Ingá. Foto: Arquivo

Para agitar a trilha sonora, Bruno conta que a Banda do Ingá tem optado por convidar artistas de Niterói para valorizar a cena local. Dessa vez não foi diferente, com a escalação formada por Bicho Solto, Os Intimistas e Axerê.

Ao contrário da última edição, em 2020, quando a banda saiu do bairro do Ingá e seguiu até o Caminho Niemeyer, neste ano o evento ficou totalmente concentrado no local.

O vendedor de automóveis Ivan Farias, de 51 anos, frequenta o bloco há 20 anos e gostou da mudança.

– O Carnaval da Banda do Ingá aqui no Caminho Niemeyer ficou muito mais seguro. Todos foram revistados, o que minimiza a possibilidade de acontecer confusão e a gente pode curtir bem menos despreocupado. A organização deste ano foi nota 10! – pontuou.

A Banda

Em 1973, após um pico de luz no bairro do Ingá, os donos da Padaria Teixeira, Seu Miro e Seu Antônio, ofereceram sorvete aos clientes e amigos, já que devido à falta de luz os produtos iriam estragar. Ainda no escuro, um grupo de amigos resolveu batucar nas caixas vazias dos sorvetes. Assim surgia a famosa Banda do Ingá, que hoje é tradicional no carnaval da cidade.

Ao longo dos 50 anos de existência, a Banda do Ingá esteve presente em todos os carnavais da cidade. O bloco foi um dos primeiros a serem fundados em Niterói. Começou com cerca de 800 pessoas e hoje reúne milhares de moradores.

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