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Tudo começou no quintal da casa de Dona Carminha, em 16 de abril de 2011. Oito amigos – afastados pela rotina do trabalho e da faculdade – resolveram se reunir para cantar um samba. O que eles não imaginavam à época é que aquela pequena reunião se tornaria, menos de doze anos depois, em patrimônio histórico, artístico e cultural, de natureza imaterial, do município de Niterói.
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Estamos falando da roda de samba do “Terreiro da Vovó”, que resgata o legado deste gênero musical e faz do projeto um ponto de resistência no município. O tombamento, de autoria da vereadora Benny Briolly (PSOL), foi publicado no Diário Oficial do município desta terça-feira (6).
Os bens culturais de natureza imaterial dizem respeito àquelas práticas e domínios da vida social que se manifestam em saberes, ofícios e modos de fazer; celebrações; formas de expressão cênicas, plásticas, musicais ou lúdicas.
– O sentimento é de gratidão, porque é um projeto muito verdadeiro, que fazemos com amor. Ser reconhecido é a realização de um sonho. Agora queremos seguir essa trilha, sempre pensando em melhorar e nunca mudar a ideia da resistência e da luta – disse o neto de Dona Carminha e um dos fundadores do projeto, Guilherme Ramos.
A nova lei de Niterói é apenas mais um reconhecimento a um dos elementos que representa a cultura popular do Brasil. O partido-alto, samba de terreiro e o samba-enredo, principais matrizes desse gênero tipicamente nacional, já haviam sido registrados como patrimônio imaterial brasileiro, desde 2019, pelo Instituto do Patrimônio Histórico Nacional (Iphan).
Ramos conta que a roda tomou proporções gigantescas conforme ficava mais conhecida na cidade. No início da trajetória, em 2011, bastava o quintal de uma casa, no bairro Fonseca, para caber todo mundo. A partir de 2015, como o espaço já não dava mais conta da ocupação, e também por conta do falecimento de Carminha, a roda migrou para casa de festas, como Boteco do Lira, Jones Choperia, Candongueiro e Toca da Gambá.
Desde 2018, uma nova sede, também no Fonseca, porém com uma área mais ampla, passou a receber sambistas renomados pela crítica especializada, além de uma plateia com cerca de 200 pessoas. Hoje, a roda acontece regularmente, a cada 14 dias, sempre aos sábados. O último evento do ano, com participação especial da cantora Adriana Dutra, está marcado para o dia 10 de dezembro.
– A rotina continua a mesma, carregando essa bandeira do samba. Procurando melhorar dentro da linha que a gente preserva, carrega, luta e resiste. Esse prêmio vem por conta da nossa responsabilidade e também respeito para com a cultura, no geral – completou Guilherme.
Ao longo dos quase 12 anos de existência, já passaram pela roda músicos consagrados e amigos da nova geração do samba, como: Bira da Vila, Gabrielzinho do Irajá, Glória Bonfim, Inácio Rios, Juninho Thybau, Mestre Wilson Moreira, Moacyr Luz, Marquinho Diniz, Marquinho Satã, Marquinho Lessa, Mingo Silva, Serginho Meriti, Wanderley Monteiro, Zé Katimba, Paulão 7 Cordas, entre outros.
Os músicos fixos são: Jair Silva – cavaquinho e voz; Pedro Oliveira – banjo e voz; Guilherme Ramos – pandeiro e voz; Mateus Pacheco – tantã e voz; Flávio Silvério – reco-reco e voz.
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