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A dragagem e recuperação do Canal de São Lourenço, o mais importante projeto da cidade para ampliar a ração do Porto de Niterói e movimentar a economia, teve que, de certa forma, “desviar” de pelo menos um grande navio abandonado na Baía de Guanabara. Entre as dezenas de embarcações “sem dono”, como o graneleiro São Luiz, que ficou à deriva e bateu na ponte Rio-Niterói, um em especial atrapalha as manobras na entrada do porto. E foi preciso ajustar o plano para superar o obstáculo, segundo uma fonte ouvida pelo A SEGUIR NITERÓI.
O projeto de recuperação da navegação na costa de Niterói não se resume à dragagem do Canal. Prevê também a recuperação da Ilha da Conceição, que hoje está ligada por terra ao continente. No estudo discutido com o Departamento Nacional de Recursos Hídricos, INPH, a proposta era recuperar a passagem de água em torno da ilha, hoje na realidade uma “península” formada pelo assoreamento do mar. Para viabilizar o projeto, no entanto, seria preciso remover uma série de “carcaças” abandonadas nas proximidades da estrada do Contorno.
“Era uma tragédia anunciada. E não será a última, porque são muitas as embarcações abandonadas na Baía de Guanabara”, disse o especialista consultado pelo A SEGUIR NITERÓI. Segundo ele, navios abandonados sem qualquer cuidado ou manutenção se deterioram com o tempo e podem ficar à deriva, como o Sâo Luiz, ou até afundar, como já aconteceu com muitos outros navios naquela área.
Na verdade, o problema da sucata naval é bem antigo e complicado. E esbarra em questões judiciais que se arrastam às vezes há mais de 20 anos. Uma fonte do setor explicou que muitos navios foram abandonados por empresas que já deixaram de operar há anos, mas foram dados como garantia para operações de crédito da extinta SUNAMAN ou do BNDES, o que não permite a liquidação dos navios.
O descarte ou desmonte de embarcações é um problema, porque muitas apresentam resíduos tóxicos, que encarecem o desmonte e que inviabiliza o “corte” em muitos países. Empresas em dificuldades financeiras ou em regime de falência muitas vezes não cumprem as exigências para a guarda, como aconteceu com o São Luiz.
Na época do anúncio do projeto de dragagem do Canal de São Lourenço, o secretário de Desenvolvimento Econômico de Niterói, Luiz Paulino Moreira Leite, já mencionava o problema dos “esqueletos” na Baía de Guanabara.” No lançamento do projeto, ele destacou que a dragagem é de fundamental para a reativação do setor naval, uma atividade tradicional da cidade, permitindo a movimentação de navios de maior porte e, questionado, disse que os navios seriam removidos.
“Com relação a cemitérios de navios que possam estar na Baia de Guanabara , a tutela dos mesmos cabe a União e os poucos que estão atracados no Canal de São Lourenço serão passíveis de retirada durante o processo da obra de dragagem.”
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