Mais de 20 horas depois de confirmada a vitória do ex-presidente Lula nas eleições deste domingo (30/11), o presidente Bolsonaro continuava recolhido a seu tamanho. Não admitiu a derrota e não reconheceu o recado das urnas. Muito menos parabenizou Lula, como fizeram chefes de Estado do mundo todo, mas aí já seria querer demais de um sujeito como Bolsonaro. Calado, também não repreende caminhoneiros bolsonaristas que bloqueiam estradas.
As grosserias e a falta de compostura no cargo são marcas deste governo que está chegando ao fim. Nem de longe são as únicas, e é por isso que a comemoração da vitória de Lula encheu as ruas de alegria. Alegria e esperança de um Brasil que defende a vida, os direitos humanos, a floresta, os livros, a gentileza. Alegria pela volta da democracia e o fim das ameaças. Quem ouviu os discursos dos vitoriosos na noite de domingo e tentou imaginar como seriam se fossem feitos por bolsonaristas já vestiu na hora o figurino do lado certo da História.
Noite de segunda-feira e aliados ainda tentam convencer o atual ocupante do Planalto a falar, pelo menos para agradecer aos mais de 58 milhões de brasileiros que votaram nele. Mas Bolsonaro age como uma criança mimada contrariada. Ou um tirano que perdeu o poder, sabe que daqui a pouco não vão lhe servir mais cafezinho e que corre o risco de acabar preso. Escondidinho ali no palácio, sem receber aliados e sem abrir a boca, o derrotado Bolsonaro não surpreende. Percebe que está isolado. E que perdeu muito mais do que a eleição.
Bolsonaro mobilizou mundos e fundos públicos não apenas para se eleger, mas para evitar a cadeia para ele e seus zeros alguma coisa. Lula não deve estar ligando a mínima para essa demora. Mas também não pode estar gostando, como nem mesmo os aliados mais próximos do atual presidente estão aprovando. A disputa foi acirrada, a vitória foi por cerca de 2 milhões de pontos apenas. Birra a esta altura do campeonato? A ninguém interessa um presidente se apequenar assim diante da nação e do mundo. Ainda mais quando estimula, com seu silêncio, atos terroristas como o bloqueio de estradas por bolsonaristas.