22 de dezembro

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Um convite ao diálogo, o encontro do eu e do outro, na palestra do astrólogo José Maria, em Niterói

Por Livia Figueiredo
| aseguirniteroi@gmail.com

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Escritor e criador da Oficina de Astro Coaching, José Maria fala sobre o pertencimento e o cosmos em evento da Ocupação Aflora, no Reserva Cultural
José Maria
O astrólogo José Maria. Foto: Reprodução/Internet

“O que você entrega para o mundo?” A pergunta é o tema e a base de uma reflexão sobre a vida e nosso comportamento, na palestra que o astrólogo José Maria Gomes Neto apresenta no próximo domingo (23), às 16h, na Sala Nelson Pereira dos Santos no Reserva Cultural. De volta à cidade onde cresceu, o astrocoach, como é conhecido, fala sobre o excesso do individualismo e da falta de cooperação e de pertencimento.

A palestra faz parte das apresentações que vão ocupar a Sala Nelson Pereira dos Santos, no Reserva cultural, no próximo domingo (23), a partir das 16h. São sete convidados, que dividirão o palco, para falar de temas diversos, como astrologia, comunicação, felicidade, entre outros.

O encontro contará com sete histórias e uma atração surpresa: “Quando você se permite ser?”, com Luiza Perin (canoa e expedição); “Quando você se permite sentir?”, com Pedro Gerolimich (cultura e criatividade); “Como você se apresenta pro mundo?”, com Pedro Cruz (diversidade e impacto); “Quanto você se permite amar?”, com Ana Carolina dos Santos (neurociência), entre outras atrações. O ingresso custa R$ 10 (inteira). O evento faz parte do circuito “Caminhos do sentir”, que promove ainda exposição no MAC, apresentação de tecidos acrobáticos na Boa Viagem e um show no Theatro Municipal de Niterói.

Escrito nas estrelas

José Maria conta que foi uma cena corriqueira, que todos vemos nas ruas, que despertou a sua atenção. Ele estava parado na Lagoa Rodrigo de Freitas naquele trânsito que não dá trégua. Com o sinal fechado, um malabarista sobe em um caixote na sua frente e começa a jogar as bolinhas para o alto. O episódio poderia passar batido, ao competir com a tela do celular, as inúmeras notificações de mensagens, pela música que toca no carro, ou simplesmente atropelado pelos pensamentos. Mas ao contrário do que se esperava, surgiu ali uma imagem forte da ideia de cooperação. Ele usa uma metáfora para explicar:

– O “eu” representa uma bolinha, posicionada em uma mão; o outro, a bolinha na outra mão. Quando eu jogo a bolinha em direção ao “nós”, eu abro espaço para receber o que vem do outro, que, por sua vez, abre espaço para receber o que vem de nós.

Neste dia, o astrólogo Zé Maria percebeu que a cena era como uma dança, uma representação do entendimento de que o que nos separa é uma lente que foi colocada entre as pessoas pelo sistema, pelo modo de dominação, pela desigualdade.

O excesso do individualismo e da falta de cooperação e de pertencimento é tema chave da palestra “O que você entrega para o mundo?” Na Sala Nelson Pereira dos Santos, no Reserva Cultural, a apresentação fica por conta da atriz, cantora e apresentadora Babi Xavier. O encontro contará com sete histórias e uma atração surpresa.

O A Seguir conversou com o astrólogo José Maria, um dos participantes do ciclo de palestras promovido pela Ocupação Aflora, sobre as principais questões que orbitam o pertencimento e o cosmos.

A Seguir: Niterói: Você ministrará uma palestra na cidade no próximo domingo que tem como temática questões que dialogam com a entrega ao mundo. Que recorte planeja traçar?

Zé Maria: Eu não vou entrar muito no tópico da astrologia. Vou falar sobre o pertencimento a um momento em que a leitura do céu permite que as pessoas tenham um grau maior de sutileza do que está acontecendo. Eu vou falar sobre essa ideia de que tudo faz parte do todo, de que a separação é uma ilusão. O todo está em tudo, até nas partículas subatômicas. Está tudo conectado. Estamos compartilhando o mesmo sol, o mesmo céu, a posição dos planetas. Isso quando é traduzido de uma forma simbólica sobre as coisas que estão acontecendo não significa dizer que está determinado por essas posições. Mas as posições fazem parte do processo de tudo que está acontecendo.

Neste mesmo dia da palestra, terá um aspecto belíssimo no céu. Não no sentido da visão, mas sim de uma beleza invisível aos olhos e que é perceptível no campo intelígivel, a partir do entendimento dos ciclos, das posições que os planetas se encontram em relação à Terra. Isso tudo traz uma percepção de uma ordem cósmica que rege o universo inteiro.

Vênus é um planeta que escreve no céu uma estrela de cinco pontas, um padrão que obedece a mesma série de Fibonacci que acontece na expressão da vida em forma de espiral, dos girassóis. É, de certa forma, um código, uma assinatura, da presença dessa beleza que não é visível aos olhos.

Eu achei isso de muita sincronicidade, porque é justamente no dia do evento que Vênus se encontra com o sol em uma das pontas dessa estrela. É uma conjunção superior que não acontece há 251 anos, que foi quando começou o Iluminismo, o pensamento moderno, essa nova forma de ver o mundo. E nesses últimos 96 anos Vênus ficou passando em Escorpião. Isso é sincrônico com a idade da rainha Elizabeth porque ela nasceu quando Vênus começou as 13 conjunções em Escorpião e ela faleceu quando começou as 13 conjunções em Libra.

A palestra tem como objetivo traduzir essa sincronicidade no sentido de pertencimento, do cosmos, mas também do que está mudando de tom. É a percepção de que eu e você somos separados ilusoriamente, mas que fazemos parte do fluxo de temporalidade que se expressa no momento e isso traz uma série de valores que são evidenciados, como a busca da cooperação, da harmonia, da ética, da compaixão. Essa força, que é gerada a partir do “nós”, de algum modo é responsável pelas transformações das pessoas dentro de uma parceria.

– De que forma essa questão que você levanta dialoga com o cenário atual? E como lidar com o maior confronto no lugar do diálogo?

O diálogo significa sair da posição perceptual do “eu” para uma posição do “nós”. As pessoas só têm se preocupado com o que vão ganhar ou perder, sem ter em vista o que ainda podemos fazer que seja de benefício para a maioria, que gere algum nível de riqueza para todos.  Essa mensagem da palestra está muito integrada a uma necessidade de mudança. Estamos passando por uma briga cósmica simbolizada pelos planetas. Urano está quadrado com Saturno, então existe uma  necessidade de mudança, mas há um bloqueio já que a resistência a ela é muito grande porque traz o medo. Esse medo é fomentado numa guerra de narrativas. As pessoas não pensam porque querem se livrar do que gera mais temor.

– A que você atribui esse confronto alarmista entre dois grupos polarizados? 

Primeiro, porque existe a ilusão da separação entre o “eu” e o “outro”. E na verdade o outro é a extensão do “eu”. As pessoas não estão sabendo avaliar o outro, considerar. O próprio conceito de liberdade e democracia está sendo colocado em questão. O grande paradoxo dessas eleições é elas estarem na mão de pessoas indecisas que estão se movendo pela guerra de narrativas, que por meio do ataque, tomam decisões com base na emoção e não na razão.

E segundo devido a uma configuração de mundo de um final de um ciclo civilizatório. Pouco se estuda sobre os grandes ciclos astronômicos, as grandes eras, que vão além do tempo de vida de uma pessoa e talvez até por conta disso elas não se dão conta de que estamos em um processo de mudança coletiva. Um processo de longo prazo, não só para o aqui e agora. Esse ciclo maior da era do “ser” está passando por uma grande mutação para era do “ter”. É o início de uma nova era e por isso é importante afirmar os valores que estão em jogo. Isso faz parte não só do Brasil, como da humanidade.

– O que você espera provocar nas pessoas com a palestra?

Eu espero que as pessoas olhem mais para o céu. Agora, por exemplo, o céu tem uma configuração que revela uma aproximação de Marte com a Terra. E Marte é o planeta ligado à Terra, à energia da agressividade. E esse Marte é visto como um rubi porque ele está aceso, apontando para uma determinada direção do universo, do cosmos. Ele está indo e voltando, gerando um círculo, numa região que se encontra o signo de Gêmeos. Este que significa aprendizagem sobre a vida, mais discernimento, mais clareza dos significados. Por isso a importância do diálogo, porque ele leva à ação. A maior motivação humana para agir é saber o significado. Caso contrário, ela decide por medo, porque ela não racionaliza.

E Marte para de se movimentar no dia 30 de outubro e começa a ficar retrógrado. É como um arqueiro que estica a flecha e para. Essa ausência de movimento é, inclusive, uma ilusão. Mas é uma ilusão simbólica. Um planeta guerreiro/arqueiro parar justamente no dia da eleição? De onde parte a flecha? De que lugar de dentro da gente? E independente do que for rolar, milhões de pessoas vão ser atingidas por essa flecha.

* José Maria estuda astrologia desde 1979; É escritor, conferencista de Congressos Nacionais e Internacionais. Palestrante do TEDxRio+20 Formação em Coaching e Filosofia. Coordena a Oficina de Astro Coaching

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