21 de dezembro

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Andrea Ladislau

Andrea Ladislau é graduada em Letras e Administração de Empresas, pós-graduada em Administração Hospitalar e Psicanálise e doutora em Psicanálise Contemporânea. Tem especialização em Psicopedagogia e Inclusão Digital. Na pandemia, criou no Whatsapp o grupo Reflexões Positivas, para apoio emocional a pessoas do Brasil inteiro.
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Conflitos enfrentados por mulheres que optam por não exercer a maternidade

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O universo feminino sempre vai suscitar uma série de reflexões. Mas quero me atentar a um tipo de pressão social psicológica muito comum e falsamente inocente, que cobra e impõe regras em cada etapa da vida das mulheres.

Por exemplo, podemos destacar a pressão que elas sofrem para se casar, e em seguida ter filhos. Proponho uma reflexão sobre os impactos psicológicos que essa pressão acarreta, especialmente, quando confrontamos as expectativas da maternidade com a realidade que ela impõe.

Somos educadas desde muito pequenas a seguir alguns princípios e modelos tradicionais. Desde a infância nos ensinam o valor da maternidade. As meninas vão crescendo com a ideia de que um dia terão que ser mães.

Com a chegada da puberdade e suas alterações físicas, fica evidente que seu corpo está preparado para isso. Pelo menos, é o que se entende.

E com o passar dos anos a pressão só aumenta. No final dos vinte e começo dos trinta anos, esse tema se torna cada vez mais presente na vida delas.

Algumas aceitam tudo isso com naturalidade porque já planejaram quando e como querem ser mães; outras se sentem pressionadas porque ainda não decidiram viver a experiência da maternidade.

A sociedade acaba julgando essas mulheres, independente, de suas decisões. E o que é ser mãe? Qual o sentido da maternidade? Normalmente a maternidade acaba sendo associada ao espírito de generosidade que a mulher possui.

Mas se ela não deseja ser mãe, pode ser rotulada como egoísta. Sem levar em conta as características pessoais de cada mulher, que vão tomando suas decisões à medida que o tempo passa.

É muito importante que seja respeitada a opinião e o desejo de cada uma, pois somos todos feitos de histórias, nem todos temos as mesmas ambições.

E mais do que isso, o instinto materno não é tão instintivo, não é algo que aparece primitivamente como a necessidade de comer ou dormir.

Ele é um amor conquistado, é a construção de afiliação com uma pessoa e o desejo de criar laços. A realidade mostra que, para ser mãe a mulher deve se sentir segura e não motivada pela pressão alheia.

O desejo por uma realização profissional; históricos familiares inconcebíveis em torno da maternidade, que levam essa mulher a não querer se arriscar em repetir situações desastrosas; ou problemas de saúde que a impeçam de engravidar; seja qual for o motivo, é um assunto íntimo e pessoal; cada um tem a sua história.

Não cabe julgamentos ou imposições. Casar e ser mãe não é uma obrigação.

Na verdade, o que vemos é que a pressão que as novas mães enfrentam não tem nada a ver com a cobrança sobre as mulheres que decidiram não ter filhos, porque não querem ou porque não podem.

Mas sim passa por um questionamento social constante e massacrante, que não leva em conta seus desejos e suas vontades. Aniquilando o querer desta mulher.

Arrisco até a dizer, obrigando-a a ouvir o chamado maternal, sem respeitar a lei da vida que deixa claro que esse chamado faz parte da essência de cada alma feminina.

Portanto, cabe aqui, o respeito pelas opções de vida de cada mulher. Cada um sabe de si e sabe de seu momento. Nossa bagagem de vida, nossos sonhos, desejos, medos e angústias, falam por nós.

Que ela se sinta em paz e comprometida com a sua decisão. E, desejando ou não desejando casar e ter um filho, deve ser respeitada em sua decisão e acolhida como todos os seres humanos devem ser.

Dra. Andrea Ladislau  /  Psicanalista

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