24 de novembro

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Uma criança é vítima de violência a cada dois dias em Niterói

Por Gabriel Mansur
| aseguirniteroi@gmail.com

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Vídeos que mostram homem esmurrando enteado trouxeram à tona um dos muitos casos de violência infantil na cidade
Uma criança é violentada a cada 60 horas em Niterói. Foto/Pixabay
Uma criança é vítima de violência, a cada 60 horas, em Niterói. Foto: Pixabay

Um caso de agressão a uma criança, pelo padrasto, ocorrido em fevereiro, em Niterói, veio à tona nesta quinta-feira (15), com a divulgação das imagens que registram a violência, sob investigação da 77ª DP (Icaraí).

O agressor foi identificado como Victor Arthur Possobom, um lutador, que esmurrou e sufocou seu enteado, um menino de 4 anos. O caso exemplifica uma situação de violência infantil vivida por, pelo menos, 146 crianças de zero a 11 anos no município, no ano de 2021.

Os dados assustam e, segundo o Instituto de Segurança Pública (ISP), aumentaram 43% em comparação a 2020, período em que 102 pessoas registraram ocorrência de violência infantil. O levantamento aponta uma criança vítima de violência na cidade a cada 2,5 dias. Mais precisamente, a cada 60 horas.

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Esses números representam apenas as vítimas que registraram boletim de ocorrência, nas delegacias, mas acreditam em uma subnotificação. Do mesmo modo, apenas cinco categorias criminais do Código Penal foram estudadas. São elas, por ordem de maior reincidência: estupro – 66; lesão corporal dolosa – 37; maus-tratos – 25; abandono de incapaz – 6 e homicídio doloso – 2.

Estatísticas

De acordo com o estudo, em relação aos casos de estupro, 32% foram praticados por pais, mães, madrastas ou padrastos, e 80% das vítimas são meninas. Em 2020, 52 crianças foram estupradas, o que representa um aumento de 27%.

As taxas de lesão corporal e maus-tratos, crimes dos quais Victor Arthur Possobom é acusado, também subiram de 2020 para 2021. A Polícia Civil de Niterói recebeu 25 denúncias de maus-tratos (em 2020, 12), ao mesmo tempo em que atendeu 37 registros de lesão corporal dolosa (em 2020, 27). As ocorrências aumentaram, portanto, em 101% e 37%, respectivamente.

O ISP registrou  16 casos de abandono de incapaz neste mesmo intervalo de 1º de janeiro a 31 de dezembro de 2021, enquanto foram 8 ocorrências em 2020, o que significa um aumento de 100%.

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A Polícia Civil recebeu, ainda, duas denúncias de homicídio doloso, um acréscimo de 200%. Em 2020, não foi registrada essa prática criminal.

O que especialistas dizem sobre agressão às crianças

O professor da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ), Daniel Monnerat, especializado em psiquiatria infantil, explicou, em abril de 2021, que uma criança vítima de violência pode apresentar quadros de depressão e ansiedade.

Ele relatou ainda que, além da perda de interesse em atividades antes prazerosas e humor deprimido, esses quadros podem ser caracterizados por aumento de irritabilidade, isolamento social, alterações de sono e apetite.

– A criança pode apresentar, indiretamente, esses sinais ou sintomas, mostrando que é preciso investigar e esclarecer se essas agressões podem estar acontecendo ou não – declarou.

O presidente do Departamento Científico de Segurança da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), Marco Gama, afirmou, também no ano passado, que as principais causas de morte em crianças de até 12 anos no país são a violência.

– O total de crianças de zero a 4 anos de idade [agredidas] foi de 32 mil, também subnotificado, neste ano. É um número crescente, a cada ano que passa, de crianças sendo mais agredidas. No contexto familiar, a violência, às vezes, é uma coisa crônica, que vai se perpetuando enquanto não for interrompida – alegou.

Mãe disse que nada sabia

Victor Arthur Possobom agrediu enteado de 4 anos. Foto: Reprodução/TV Globo

A mãe do menino maltratado em Niterói, Jéssica Jordão Carvalho, disse que não tinha conhecimento das agressões sofridas pelo filho.

– Não consigo acreditar que uma pessoa seja capaz de fazer isso com uma criança – disse Jéssica, em entrevista ao RJ2. Ela relatou que também era constantemente agredida, às vezes com luvas de boxe, para, dessa forma, não ficar com as marcas da agressão.

Victor Arthur Possobom aperece esmurrando e sufocando o enteado em dois vídeos. O primeiro registro foi na recepção do condomínio: ele se senta ao lado da criança em um sofá, fala alguma coisa, olha ao redor para se certificar que não há ninguém por perto.  Em seguida, bate e sufoca o menino.

O segundo vídeo é de uma câmera do elevador. Neste contexto, mostra o homem sufocando novamente a boca e o nariz do menino.

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