Projeto da Prefeitura leva chefs para a cozinha do restaurante popular de Niterói

Frango recheado com creme de ricota, espinafre e bacon acompanhado por uma salada de legumes e farofa de ovos. Esse foi o cardápio desta terça-feira (06), no Restaurante Popular Jorge Amado, no Centro de Niterói. A refeição foi elaborada por Carol Kalil, a primeira convidada do projeto Chef Popular criado pela Prefeitura. A ideia é levar, em dias específicos, até o fim do ano, chefs de gastronomia renomados para a criação de um cardápio exclusivo com base nos alimentos que são ofertados no restaurante.

De acordo com a Secretaria Municipal de Assistência Social e Economia Solidária, gestora do restaurante, o local serviu, somente este ano, 306 mil refeições, entre almoço e café-da-manhã, ao preço, respectivamente, de R$ 2 e R$0,50.

Carol Kalil é chef de cozinha há 16 anos. Formada pelo Instituto de Gastronomia das Américas (IGA), onde depois deu aulas, sua experiência passa por restaurantes conhecidos na cidade como o Boteco Confraria, Bistrô Beira Mar e o Sweet & Green. Ela já comandou um ateliê próprio, o Vem pra Cozinha. Recentemente, abriu o delivery “Caldim”.

– A ideia é que a equipe da cozinha aprenda um prato novo e depois possa refazer com as técnicas aprendidas, além de trazer uma nova experiência gustativa para o pessoal que almoça aqui. Escolher o cardápio foi meticuloso: pensei em algo simples, ligeiramente sofisticado, mas não muito, sem muita frescura, lindo de ver. Eu ia adorar chegar para almoçar e ter uma comida linda e deliciosa dessas. Escolhi fazer o que eu gostaria de comer. Participar de projetos sociais é engrandecedor, gratificante e é o mínimo que posso fazer – comentou a chef.

O prato que ela escolheu se chama Roulade de Frango (se pronuncia “ruláde”). Ela sabe que parece “chique e difícil”, mas disse que, na verdade, é algo bem simples de se fazer.

Para o preparo foram usados 120kg de frango, 130 kg de legumes variados para o legumiê (abóbora, batata doce, abobrinha, cebola, alho, azeite, tomilho e páprica) e 30kg de farofa, além da dobradinha arroz (100 kg) e feijão (60kg).

Antônio José de Souza, de 71 anos, é frequentador do restaurante há muitos anos. Ele, que ainda não se aposentou, disse que depende do restaurante para manter uma alimentação balanceada.

– Eu como aqui há bastante tempo. A comida é saudável, sem muito sal ou gordura. As pessoas que têm mais idade precisam desse tipo de alimento. Eles sempre têm variedade, mas hoje, para minha surpresa, está diferente. Todo mundo está gostando, está muito saborosa – afirmou.

O ambulante Lourran Cartier Bresson, de 55 anos, contou que a situação do país, principalmente pós pandemia, deixou muita gente com problemas financeiros e dependendo do Restaurante Popular:

– Tem muita gente que julga achando que aqui é só para moradores de rua, mas não é verdade. Podem procurar o restaurante do município que a comida e a higiene é muito boa. Todos os dias, a comida é sempre muito gostosa.

De acordo com a nutricionista do Restaurante Popular, Thayane Scheidegger, o objetivo do projeto é  criar um cardápio exclusivo, tendo como base a utilização dos alimentos ofertados pelo restaurante para oferecer uma nova experiência para seus usuários.

Após servir os primeiros pratos aos frequentadores do espaço, a chef Carol contou que estava muito ansiosa por esse dia e que considera o projeto “muito especial”:

– Estava muito ansiosa, é uma escala muito grande para preparar de uma vez só. Estou aqui desde ontem (segunda-feira, 5) fazendo o pré-preparo dos alimentos. Mesmo com muita experiência, nunca tinha feito tanta comida de uma única vez. É cansativo, mas muito gratificante. Andei pelo salão e vi algumas pessoas tirando foto do prato. É um desafio que eu aceitaria de novo porque foi muito bom e muito louco viver isso.

Sobre o Restaurante Popular

O Restaurante Popular Jorge Amado, localizado no Centro de Niterói, já serviu mais de 2,72 milhões de refeições desde sua municipalização, em 2017, quando a Prefeitura de Niterói assumiu a administração do espaço. O equipamento é uma opção econômica para a população da cidade e de outros municípios que vem garantir uma alimentação balanceada.

O equipamento oferece uma média de 2 mil refeições ao dia. Comparado ao mesmo período de 2019, antes da pandemia, o restaurante teve um aumento de quase 6% na busca por refeições. Por estar localizado no Centro, o restaurante popular atende inúmeras pessoas de São Gonçalo, Itaboraí e mesmo do Rio de Janeiro.

O restaurante funciona de segunda a sexta-feira, de 6h às 9h, para o café da manhã e, de 11h às 15h, para o almoço.

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Segundo restaurante popular

Está previsto para ser inaugurado, em fevereiro de 2023, o segundo restaurante popular da cidade. O prefeito Axel Grael deu, nesta terça-feira (06), a ordem de início das obras no imóvel localizado na Alameda São Boaventura, no bairro do Fonseca. O Restaurante Popular da Zona Norte terá cozinha industrial e pedagógica, sala de aula, auditório, recepção, salão para refeições e varanda. O investimento da Prefeitura será de R$ 3 milhões. A previsão é que os preços sejam iguais ao do restaurante do Centro: R$ 2 no almoço e R$ 0,50 no café da manhã.

O Restaurante Popular da Zona Norte terá cerca de 200 lugares e capacidade para servir duas mil refeições diárias. O local também vai abrigar a primeira Escola de Formação em Gastronomia Popular do estado, na qual jovens e adultos vão poder obter qualificação profissional para o mercado de trabalho e para o empreendedorismo com diversos cursos na área de gastronomia, padaria e serviços para bares e restaurantes.