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Niterói no mapa da violência. No relatório de julho do Instituto Fogo Cruzado, a cidade aparece com o mesmo índice de tiroteios que Caxias. Abaixo de São Gonçalo, que tem o dobro da população, e é considerada uma cidade perigosa, e acima de Nova Iguaçu. Foram 20 tiroteios no período, com oito mortos e cinco feridos. Um resultado bem parecido com o de Caxias, que também teve 20 tiroteios, mas teve menos mortos, cinco, e mais feridos, 11.
Julho foi brutal para os moradores da Zona Norte do Rio de Janeiro. O episódio mais violento registrado na Região Metropolitana do estado, ocorreu no dia 21, quando uma operação policial no Complexo do Alemão deixou 17 mortos, sendo 16 civis e um policial militar. A operação deste dia foi considerada a segunda mais letal do ano, perdendo somente para a operação ocorrida na Vila Cruzeiro em 24 de maio, que deixou 23 mortos. O governador Claudio Castro, em apenas dois anos de governo, comandava a Segurança em três das maiores chacinas do estado.
Violência, como política
Maria Isabel Couto, diretora de programas do Instituto Fogo Cruzado, destaca que a falta de planejamento na segurança pública faz com que episódios violentos se repitam ano após ano. “O que aconteceu no Complexo do Alemão não é novidade. Não existe um plano de segurança pública baseado em inteligência e estratégia para conter números elevados de mortes. Um policial e duas moradoras foram mortas e o que o porta-voz da PM declara é que essas operações são para enxugar gelo. O que o Rio de Janeiro faz ao enxugar gelo: cria gerações de pessoas traumatizadas, destrói famílias, prejudica a economia. A população deixa de sair para trabalhar, as crianças crescem com medo, o posto de saúde não funciona, os policiais passam o dia encurralados. Ninguém ganha com o despreparo”.
Ao todo, houve sete chacinas em julho, resultando na morte de 37 civis. Seis destes casos ocorreram durante ações ou operações policiais. A Zona Norte foi palco de três chacinas. Em julho de 2021, foram cinco chacinas, com 17 mortos no total.
Julho, em dados (ou tiros)
Durante o mês de julho, houve 348 tiroteios/disparos de arma de fogo na Região Metropolitana do Rio de Janeiro, segundo dados divulgados pelo Instituto Fogo Cruzado. O número indica uma queda de 7% em comparação com o mesmo mês de 2021, quando 375 tiroteios ocorreram. Deste total, 116 (33%) ocorreram em ações/operações policiais – ou seja, a cada três tiroteios ocorridos na região metropolitana em julho, um foi durante ação/operação policial.
O sétimo mês do ano teve ao menos 191 pessoas baleadas, sendo 96 delas mortas e 95 feridas. O número de mortos cresceu 4%, e o de feridos, 10% em comparação com julho de 2021, que concentrou 178 pessoas baleadas, sendo 92 delas mortas e 86 feridas.
Em comparação com junho, que concentrou 335 tiroteios, 64 mortos e 64 feridos, julho teve aumento de 4% nos tiroteios, de 50% no de mortos e de 48% nos feridos.
O mapa da violência armada
Entre os municípios que integram a Região Metropolitana do Rio de Janeiro, os cinco mais afetados pela violência armada foram:
Rio de Janeiro: 224 tiroteios, 53 mortos e 47 feridos
São Gonçalo: 26 tiroteios, 8 mortos e 10 feridos
Duque de Caxias: 20 tiroteios, 5 mortos e 11 feridos
Niterói: 20 tiroteios, 8 mortos e 5 feridos
Nova Iguaçu: 11 tiroteios, 7 mortos e 1 ferido
O perfil da violência armada
Houve 28 casos de roubos ou tentativas de roubo que terminaram em tiros no Grande Rio. Ao todo, 22 pessoas foram baleadas nestes casos: 11 morreram e 11 ficaram feridas. Em maio de 2021 houve 30 casos de roubos e tentativas que deixaram 36 baleados no total (15 mortos e 21 feridos).
Três pessoas foram vítimas de balas perdidas no Grande Rio em julho: todas morreram. Uma das vítimas foi atingida durante ação/operação policial.
Uma criança, quatro adolescentes e um idoso foram baleados no Grande Rio em julho: destas, uma criança e três adolescentes morreram. Em julho de 2021, dois adolescentes e dois idosos foram baleados e sobreviveram.
Acumulado do ano
Em sete meses, houve 2.179 tiroteios/disparos de arma de fogo na Região Metropolitana do Rio de Janeiro, segundo dados do Instituto Fogo Cruzado. 691 destes registros ocorreram durante ações/operações policiais. Ao todo, 1.140 pessoas foram baleadas entre janeiro e julho, das quais 595 foram mortas e 545 ficaram feridas. Comparado ao mesmo período de 2021, que concentrou 3.165 tiroteios, sendo 881 em ações/operações policiais, 693 mortos e 627 feridos, neste ano houve queda de 31% nos tiroteios em geral, queda de 22% nos tiroteios durante ações/operações policiais, queda de 14% nos mortos e de 13% nos feridos.
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