21 de dezembro

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Publicado

Moradores de Niterói reclamam do fornecimento de energia e da “queima” de equipamentos

Por Gustavo Goulart
| aseguirniteroi@gmail.com

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Oscilação do fornecimento da Enel e picos de energia elétrica danificam computadores, tvs, aparelhos de ar condicionado e geladeiras
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Na papelaria, em São Francisco, impressoras danificadas esperam conserto. Foto de leitor

Um problema que se repete, em Niterói. A queda de energia, as oscilações no fornecimento e os prejuízos com a falta de luz e a queima de equipamentos domésticos. A queixa aparece nos relatos de moradores de diversos bairros da cidade e nas ações contra a Enel, concessionária do serviço de energia do município. “A tv liga e desliga o tempo todo, o computador para de funcionar, o ar-condicionado desarma. Tenho um relógio digital que funciona na tomada e não passa uma semana com a hora certa, porque sempre desliga. De vez em quando queima algum equipamento”, se queixa um morador de São Francisco. 

A empresa reconhece que alguns bairros “tiveram o fornecimento de energia impactados no primeiro trimestre desse ano principalmente pelas chuvas de Verão que atingiram a cidade.”  Mas assegura cumprir as exigências legais. O dono de uma papelaria, no entanto, diz que o problema não é novo e se repete durante o ano todo. E exibe uma série de impressoras queimadas por causa dos picos de energia.  “Queima tudo. Computador, impressoras, cartuchos.”

Tudo queimado

Na papelaria e bureau de serviços o tamanho do prejuízo pode ser visto na loja, com uma “pilha” de impressoras separadas fora de serviço aguardando reparos. “A maioria queimou algum componente por causa da oscilação do fornecimento de energia”, explica o proprietário.  Ele acaba recebendo equipamentos de moradores do bairro que pedem ajuda para fazer o conserto, “São Francisco deve ser o pior bairro da cidade”, reclama. Ele aponta para as impressoras no chão, para contar a história de cada um dos aparelhos danificados:

– Aquela primeira, a maior, é uma impressora de R$ 10 mil. Queimou a placa, o conserto custa R$ 4 mil. Tem gente que acha que é assim mesmo, mas é oscilação frequente da energia que queima tudo. Queima tv, geladeira, ar condicionado. Quando falta luz e tem pico de energia, quando volta, é prejuízo na certa. Muitos moradores reclamam, mas a maioria prefere comprar outra, sem reclamar. E o problema se repete – explica.

Prejuízos  

Uma fila de impressora e scanners queimados por oscilação de energia em Niterói. Foto de leitor

Moradora de um dos mais aprazíveis e conhecidos condomínios de Niterói, o Jardim Ubá Pendotiba, no Jardim América, a bióloga Ingrid Sippli e sua família tomaram uma atitude radical para se verem livres dos prejuízos causados por um problema que atinge de ponta a ponta a cidade: os danos causados em equipamentos eletrodomésticos por conta dos picos de energia da empresa Enel, fornecedora oficial do município, e outros causas, como descargas atmosféricas e galhos de árvores não podadas.

Fui atrás da Enel e a empresa consertou a televisão. O computador não tinha mais jeito e foi trocado. Mas é preciso dar detalhes. O dia, a hora e o que aconteceu.  No  meu caso  foi  queda de energia. É um problema recorrente aqui. Os moradores criaram um grupo numa rede social e as reclamações têm sido muito grandes –  contou Ingrid, que mora num condomínio com quase 200 casas.

Em Camboinhas, na Região Oceânica, as consequências já tomaram uma proporção tão desagradável a ponto de a médica Gláucia Fernandes precisar contratar o serviço de um engenheiro eletricista para ajudá-la a dar um jeito no problema. No dia 1o de fevereiro, ela levou um susto ao chegar em casa depois de um plantão e encontrar a geladeira queimada e todos os alimentos comprados dois dias antes estragados, assim como o aparelho de ar-condicionado pifado.

Tudo o que estava na geladeira de Gláucia apodreceu. Foto de leitor

Reclamamos junto à Enel e ela contratou uma empresa para consertar a geladeira. Até hoje esperamos ela de volta. A sorte é que tenho uma antiga na cobertura que está sendo usada como quebra galho. O ar-condicionado continua aqui em casa danificado. Os picos continuam, mas o engenheiro instalou um equipamento que desliga os eletrodomésticos antes dos picos – explicou Gláucia.

Proteção

O engenheiro que ajudou a médica, Mathias Piller Rochimant também é morador da Região Oceânica e tem socorrido moradores em apuros, não só de lá, mas da cidade inteira.

– Instalei na casa da Gláucia o equipamento DPS, um dispositivo de proteção contra surtos. A função dele é drenar o excesso de tensão de uma eventual descarga atmosférica ou picos de lua que venham a queimar a rede e le joga para o aterramento da casa evitando que entre para a residência e atinja os equipamentos. Muito pouca gente tem conhecimento deste equipamento, que é fundamental. Observo também o problema da falta de podas de árvores cujos galhos podem danificar o sistema – explicou Mathias, que já fez o mesmo serviço em outras regiões da cidade.

Em outro ponto da cidade, moradores da Rua Araribóia, em São Francisco, também padecem do mesmo problema. Com chuva, vento ou em tempos bons, dias de sol, os danos em equipamentos ocorrem sem aviso prévio. Mathias já trabalhou em casas da rua e num condomínio próximo que teve os elevadores danificados por descargas elétricas.

As placas dos elevadores foram queimadas por descargas atmosféricas, mas também observei a falta de poda de árvores, que pode estar provocando esse contato dinâmico com os galhos das árvores e dando esse efeito de sobrecarga na rede. Outra coisa que precisa ser observada são as subestações, se elas estão operando de acordo com o que foi projetado, se está tendo uma oscilação além do normal. Isso pode influenciar na queima de equipamentos – disse o engenheiro eletricista.

Uma moradora da Rua Araribóia, em São Francisco, onde o problema é recorrente, contou que perdeu um forno elétrico embutido novinho por conta dos picos de energia. Ele queimou esta semana. Ela já tem muitos protocolos de atendimento da Enel.

Além do forno, novinho e caro, também queimaram os refletores de led que instalei em casa para melhorar a iluminação da rua – reclamou a moradora, que pediu para ser identificada apenas como residente da via.

O problema acontece em várias partes da cidade, como Fonseca, Engenhoca, Largo da Batalha, Santa Rosa, Icaraí e Vital Brazil, por exemplo. No Vital, teve gente com mais de cinco picos de energia seguidamente em poucos segundos ou minutos. 

Graças a Deus não houve dano em nenhum equipamento. Quando eu corria para desligar a luz voltava. Nem tempo dava – contou um morador.

Chuvas de verão

A Enel atribui os problemas às chuvas de verão, sem explicar as oscilações frequentes no fornecimento de energia, relatadas pelos moradores, não apenas no início do ano, mas de forma recorrente. Segundo nota da empresa, “os bairros tiveram o fornecimento de energia interrompido no primeiro trimestre do ano por causa das chuvas de verão.” A companhia informou que trabalha no “recondutoramento da rede no trecho de Pendotiba, que deve ser concluído em maio e vai melhorar o fornecimennto para os bairros citados.” Por fim, informa que segue resolução da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) com relação ao ressarcimento de danos de equipamentos domésticos.

Ressarcimento de prejuízos

Segue a nota da Enel, na íntegra:

“A Enel Distribuição Rio informa que os bairros mencionados tiveram o fornecimento de energia impactados no primeiro trimestre desse ano principalmente pelas chuvas de Verão que atingiram a cidade. A companhia esclarece que possui um projeto de qualidade do fornecimento de energia em Niterói, que consiste no recondutoramento de 2,5 km de rede no trecho Pendotiba – Trevo de Maria Paula, programado para ser concluído até a primeira quinzena de maio, que vai melhorar o fornecimento para os bairros citados.

Em relação a eventuais danos a equipamentos eletroeletrônicos provocados por eventos elétricos associados à rede de distribuição de energia elétrica, a Enel Rio esclarece que segue o que determina a ANEEL por meio da Resolução nº1000/2021 e pelo módulo 9 dos Procedimentos de Distribuição (PRODIST), que estabelecem os critérios de ressarcimento de danos a serem feitos pelas distribuidoras de energia elétrica.

A companhia acrescenta que o cliente pode dar entrada na solicitação de ressarcimento atendendo aos seguintes requisitos:

  • Ser o titular da unidade consumidora onde houve a ocorrência;
  • Informar a data e o horário prováveis da ocorrência que o cliente acredita que tenha causado o dano;
  • Relatar o problema apresentado;
  • Descrever as características gerais do equipamento danificado, tais como: marca, modelo, ano de fabricação etc.

O cliente pode entrar em contato com a empresa por meio do aplicativo da Enel Rio; pela agência virtual no site (www.enel.com.br); pela Central de Relacionamento (0800 28 00 120) ou por meio de atendimento presencial nas lojas de atendimento, mediante agendamento prévio.”

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